Wednesday, July 27, 2005

Poetar

Poetar

Olhares alheios,
Mãos e dedos...
Desejos de bocas,
De vodkas e beijos.

Poetar é escrever conexões.

Carinhos de papel,
Frases de plástico.
Toques de sabão,
Afetos elásticos.

É tirar retratos,
Raios X da alma,
Do que se ama,
Do que faz falta.

É traduzir sons mudos
E inércias em movimento.
Criando do incerto,
Óbvios sentimentos.

Poetar é enxergar o belo em cada gota de sangue.
Auscultar medos crônicos e anacrônicos
Enfaixando perguntas expostas sem respostas.

É...
Na histeria das dores do mundo,
Poetar é curar.
ImmX, 21.07.05

Wednesday, July 20, 2005

Fuga

FUGA
E então você acordou.
É estranho...
A lógica parece diferente, mas eles não.
-Os sentimentos abafados-
Você olha ao redor.
Tudo é dolorosamente familiar...
Vê suas ânsias oníricas abocanhadas -e mais uma vez- a verdade é cuspida:
Ao seu redor existe tudo, menos o desejo de estar.
-Pecados e escravos-
Você fecha os olhos num suspiro .
Dói demais...
Ver sonhos construídos, novamente arruinados por elas.
-As oportunidades paralíticas e as saudades órfãs-
Você tenta relevar e levantar.
Sobreviver...
Como se fosse possível esquecer aquele sonho...
Como se fosse possível terminar aquela estória sem começo...
É possível esquecer a paralisia daquelas mãos?
Fatos entalhados.
Perguntas encalhadas.
No solo da consciência ficou a vontade enterrada.
Num beijo proibido, a verdade do que nunca aconteceu.
Você não tentou. Você fingiu não entender o óbvio.
E agora, quais as opções?
Esquecer ou tornar a sonhar?
Levantar e encarar os frutos rotos daquelas sementes acanhadas?
Não, hoje não. Talvez amanhã.
Você fecha os olhos.
Talvez os sonhos voltem.
Quem sabe as coisas não mudam?
Quem sabe ela ainda...?
Quem sabe...
E então, você dormiu.
Immortal X, 19.07.05

Friday, July 15, 2005

Anoitecer

ANOITECER

O anoitecer que cai

É um renascer que trai

Parece a vã salvação
Doce fuga
Numa rota só de ida

Parece a sã redenção
Só que podre, fajuta
Uma derrota definida

O anoitecer que trai
É um fenecer, um ai

O torpor que é mentira
Porca e imunda
Desgasta, devassa...

O amor que inspira
Enforca e afunda
Degrada, desgraça...

O anoitecer
É ator e pai
No meu perecer
No meu calor
Que se esvai
Na minha dor
Minha dor...
ImmX, 13/05/03 às 15:00 h