Tuesday, December 28, 2004

Coca Cola

COCA COLA

Ricos têm coca,
têm escola.
Pobres têm cola,
têm esmola.
E todos bebem,
todos querem:
Coca Cola.

Coca
pra beber,
pra cheirar.
Cola,
pra cheirar,
pra colar.
Coca e cola,
pra morrer,
viajar.

Ursos polares,
uniformes da PM,
ônibus escolares,
raiva, TPM.
Fuga, prisão,
Sonho, ilusão.
Drogas, escoras,
castigos em vão.
Um slogan que cola.
Um vício de agora,
vício de sempre:
"Sempre Coca Cola!"

2005 vem aí. Uma página em branco. Você pode escrever o que quiser nela. Uma poesia, uma crônica, um conto, uma fábula... Uma história de terror e sangue.
Uma biografia. Um epitáfio... Um novo começo. Um fim inesperado. Algo passageiro, imortal, doloroso ou inventado. Algo seu, algo inédito, patético... Uma personagem pra encantar, pra enojar... Uma peça de teatro com máscaras, roupas ou então nudez. Um espetáculo sem falas ou atos. Um monólogo egocêntrico... Faça um blog! 2005... Faça valer o seu talento, Faça renascer um novo tempo, uma nova ordem, uma nova esperança... E se não conseguir, paciência... pelo menos você tentou... Relaxe, olhe pro infinito e abra uma Coca Cola...

Friday, December 24, 2004

Immortal

Pode o amor ser imortal,
assim como a energia
que uma vez criada,
apenas se transforma,
irradia?

Todos que amei,
ainda amo,
de alguma forma,
mesmo que assim amorfa,
assim distante,
assim ausente
da minha emoção?
Será... ou não?
Aquele que já "amei"tanto,
Por quem sorri,
por quem morri
um pouco, no entanto,
sofri... e portanto,
esqueci,
aquele que não mais emociona,
não mais.
Não forma ondas,
nem espirais,
nem suspiros.
Aquele que... jaz.

Por ele, eles, elas...
Será que ainda existe
"amor"?
Existe ainda um certo calor
ou encanto,
uma brasa que arda
em algum recanto
em mim escondido?

Se assim for,
que bom...
Que assim seja.
Que o amor em mim transformado
seja irradiado, liberto
e atinja e aqueça e energize
a alma de quem jamais amou
e a de quem nunca foi amado.

Saturday, December 18, 2004

Um Sorriso Na Tarde

Numa tarde nublada e escura, um homem observa a gota de chuva que desliza pela janela.
Ele a compara à lágrima solitária que escorre pela face marcada, não apenas pelo tempo, mas pelo amor e o ódio, o desejo e a dor.
A gota simboliza a vida e a lágrima, a morte de um amor, que como tantos, nasceu, cresceu... findou.
É, o tempo muda as pessoas, os sentimentos. Ele muda tudo. E não há como pará-lo. Não há como pará-lo...

Numa tarde nublada e escura, a chuva cai fria sobre a cidade deserta.
Um homem parado no meio da rua. Braços estendidos, como se fosse abraçar alguém.
Suas lágrimas misturam-se às gotas de chuva.
E ele sorri.
Sorri ao ver aqueles olhos brilhantes se aproximando.
Ele sente o baque.
Vê borrões se movimentando no céu e sorri...
... por tudo o que se foi e pelo que ainda virá.
Pelo que jamais será o mesmo
Pelo que nunca mudará...
O seu amor. O seu amor.
O seu amor.

Numa tarde nublada e escura, um corpo caído no chão.
Enquanto a chuva cai fria na cidade, seu sangue mistura-se às gotas de chuva, e
ele sorri...
Para sempre.

Wednesday, December 15, 2004

A Morte Do Natal

Oba! Oba!
Está chegando a hora de dar presentes para os que gostamos e para os que precisamos comprar carinho. Vamos mostrar que o espírito natalino está vivo em nós e que pode ser dividido em até doze prestações sem entrada pelo preço à vista. Vamos mostrar que ele cresce, se torna mais forte, une mais pessoas e gera mais suicídios e depressão a cada ano que passa!
Já viram como as cidades ficam mais iluminadas, alegres e cheias de mendigos famintos? Já viram como as pessoas ficam cada vez mais excitadas, sorridentes e exuberantes após receberem o décimo terceiro que não dá pra comprar os ingredientes da ceia? É tão lindo olhar para as crianças tão comportadas e tão bem amadas andando pelas avenidas com suas mães separadas e seus pais divorciados. Os adolescentes tão felizes, pichando os muros da igreja, transitando drogados pelas lojas de departamentos e enchendo os bolsos de chocolates nos corredores dos supermercados. É muito, muito bom ver o Papai Noel acenando e jogando balas de dentro do trenzinho que passa lotado de pais caretas tranquilos e seus filhos fazendo careta aos pedestres e pedófilos equestres, também vestidos de noel, esperando os lindos e tenros meninos que sentarão em seus colos... É chegada a hora de dar e receber com juros o amor que sentimos pelo próximo! Abra seu coração e deixe a brisa natalina entrar e remunerar o seu corpo cansado das labutas terrenas, ávido por novas esperanças de dias melhores e mais rentáveis. Vamos celebrar o nascimento daquele que foi espancado, torturado, sangrado, despedaçado e humilhado no filme do Mel Gibson, que rendeu milhares e milhares de dólares e lágrimas e protestos e... sangue. Vamos comer juntos e rezar juntos e comercializar juntos e comemorar juntos a morte do Natal.


Saturday, December 11, 2004

A Minha Dor

Estou sozinha, como a moça na figura.
Brave Heart morreu... Não foi morte física, não, não.
E não são precisos pêsames, preciso é de um antídoto e uma faca pra arrancar essa dor, essa parte apodrecida, envenenada pela incompreensão.
Preciso de uma borracha e de um lápis vermelho. Preciso de uma folha de papel em branco e escrever uma nova história. Preciso secar essa lágrimas amargas de dor e de pena. Preciso viver e deixar morrer quem não soube me entender.

Friday, December 10, 2004

Eu Amo o Amor

Eu amo o amor contido.
Aquele que vela,
Aquele que espreita
E se faz de desentendido.


Eu amo o amor sofrido.
Que fere e sangra,
Que sozinho e escondido
E calado, te chama.


Eu amo o amor amigo.
Que conforta,
Que suporta,
Que oferece abrigo.


Eu amo o amor esquecido
atrás da porta,
O amor querido,
Mas que não importa.


Eu amo o amor perdido.
O que não chegou
Por já ter partido,
Que não vingou
Por já ter morrido.


Eu amo o amor em si,
Pois é tudo o que me sobra
Da tua esmola em vão
E de tudo que não
Encontrei em ti.
06/05/03 às 13:45


Wednesday, December 08, 2004

A Dor Dos Outros

Uma dor alheia,
sombria,
digna de ser sofrida
pode ser negada?

Uma dor estranha,
alienígena,
distante e insegura,
deve ser evitada?

Eu as quero.
As estranhas e alheias dores,
abundantes, replicantes,
morbidamente fascinantes,
sublimes em suas frias cores.
Eu as venero.

Eu não quero discriminação.
Se você é só,
quero sua solidão.
Se você é pó,
deixe-me empoeirar.
Quero simpatizar,
Compartilhar,
Sem dó.

Estamos no mesmo
mundo.
Sua dor é minha dor
num segundo.
Nas rápidas ondas
da mídia,
seu apelo suicida
é parte do todo,
toca minha vida
e eu me importo.
Eu sofro.

Sua lápide
decora minha
noite morta.
Minha nota,
sua nota,
uma mesma canção,
desafinada.
Um réquiem,
uma lágrima.
Uma emoção
desajeitada,
imprópria e
censurada
pela escória.

07/12/04

Friday, December 03, 2004

Judas

"As anyone who has been close to someone that has committed suicide knows, there is no other pain like that felt after the incident" - Peter Greene
(Como todos que foram próximos de alguém que cometeu suicídio sabem, não há dor igual à sentida após o incidente)


Initiu.
A dor tem várias formas. Aterroriza, marca, deforma. Provoca atos inexplicáveis em cenários ingratos. Molda realidades e ilusões que se diluem em soluções perfeitas. Uma dor imortal, uma amarga rendição. Quando a idéia do último suspiro estabelece raízes na mente, impossível não seguir adiante. Afinal... é apenas um passo. Olha-se para o abismo. O abismo olha de volta. O abismo espera. Chama. Reclama a sua quimera, já perdida e encharcada de substâncias e feridas. Bêbada de vinganças e lembranças ressentidas. Intoxicada de infinitas imagens que impregnam a mente e geram a idéia inicial. Que geram a ação... e a inércia. Os valores e as esperas. As quimeras e as dores. A encenação e a tragédia... O lamento final...


Conclusione.
E foi assim.... Como Judas. Ele pegou a corda e se enforcou.
Foi sim... Foi como Judas. Ele não deu sinal, não deixou recado. Morreu... à toa. Morreu enforcado. Sem nem um recado... Judas... Pobre coitado.
E agora? E o riso? A namorada? Os amigos... perdidos... Sem explicação? Como...? Por que não? E agora, Judas? Três dias de luto. Três e quem sabe, talvez... Depois de um mês. É... Talvez... Um mês. Não, um não é suficiente pra esquecer. Pra esquecer, Judas, o que você fez. Depois de um ano... Será que a dor ainda persiste? A esperança de redenção... existe? Ah não... Ah não... O que você fez, Judas, não tem reparação.


Effectu.
Estranho ter agora apenas uma foto. É o que sobrou para assombrar e legitimar a falta de proximidade. Os que juntos trilharam caminhos paralelos sentem-se excluídos, feridos, traídos. Culpados?
Será que existe culpa nesse caso? Muitos dirão que não há tal coisa. Muitos dirão que foi repentino, um momento de loucura por causa de fatos recentes. Ou terá sido destino?
Poucos dirão que a semente da destruição sempre esteve lá, inconspícua, firme, incubada. Houve apenas o momento propício, e em dois dias tornou-se forte o bastante para germinar e estender seu talo espinhoso e negro até o coração, envolvendo-o, estrangulando-o até que a dor se tornasse insuportável. Até que o distante se tornasse presente, a mente, ausente, e a morte, fácil, num amargo instante.
Os que ficam não entendem, apenas indagam:
É o fim? A dor termina assim?
Não.
A dor é imortal.


Wednesday, December 01, 2004

Ego

"Eu,
Ser humano
Num eclipse interno.


Ser complexo
Numa dor sem nexo.


Vontade contida
Num desejo insano.


Eu,
Vida a despontar
Numa terra crua,
Esperança nua
De se emancipar.


Eu,
Somente
Num impossível presente.
Distante,
Num longínquo instante.


Eu,
Que te quero tanto
tanto, tanto, tanto
E que sempre te perdi
Para sempre, sempre.


Eu,
Uma angústia que dilacera
Um coração que espera.


Eu...
Eu te amo."