Tuesday, December 28, 2004

Coca Cola

COCA COLA

Ricos têm coca,
têm escola.
Pobres têm cola,
têm esmola.
E todos bebem,
todos querem:
Coca Cola.

Coca
pra beber,
pra cheirar.
Cola,
pra cheirar,
pra colar.
Coca e cola,
pra morrer,
viajar.

Ursos polares,
uniformes da PM,
ônibus escolares,
raiva, TPM.
Fuga, prisão,
Sonho, ilusão.
Drogas, escoras,
castigos em vão.
Um slogan que cola.
Um vício de agora,
vício de sempre:
"Sempre Coca Cola!"

2005 vem aí. Uma página em branco. Você pode escrever o que quiser nela. Uma poesia, uma crônica, um conto, uma fábula... Uma história de terror e sangue.
Uma biografia. Um epitáfio... Um novo começo. Um fim inesperado. Algo passageiro, imortal, doloroso ou inventado. Algo seu, algo inédito, patético... Uma personagem pra encantar, pra enojar... Uma peça de teatro com máscaras, roupas ou então nudez. Um espetáculo sem falas ou atos. Um monólogo egocêntrico... Faça um blog! 2005... Faça valer o seu talento, Faça renascer um novo tempo, uma nova ordem, uma nova esperança... E se não conseguir, paciência... pelo menos você tentou... Relaxe, olhe pro infinito e abra uma Coca Cola...

Friday, December 24, 2004

Immortal

Pode o amor ser imortal,
assim como a energia
que uma vez criada,
apenas se transforma,
irradia?

Todos que amei,
ainda amo,
de alguma forma,
mesmo que assim amorfa,
assim distante,
assim ausente
da minha emoção?
Será... ou não?
Aquele que já "amei"tanto,
Por quem sorri,
por quem morri
um pouco, no entanto,
sofri... e portanto,
esqueci,
aquele que não mais emociona,
não mais.
Não forma ondas,
nem espirais,
nem suspiros.
Aquele que... jaz.

Por ele, eles, elas...
Será que ainda existe
"amor"?
Existe ainda um certo calor
ou encanto,
uma brasa que arda
em algum recanto
em mim escondido?

Se assim for,
que bom...
Que assim seja.
Que o amor em mim transformado
seja irradiado, liberto
e atinja e aqueça e energize
a alma de quem jamais amou
e a de quem nunca foi amado.

Saturday, December 18, 2004

Um Sorriso Na Tarde

Numa tarde nublada e escura, um homem observa a gota de chuva que desliza pela janela.
Ele a compara à lágrima solitária que escorre pela face marcada, não apenas pelo tempo, mas pelo amor e o ódio, o desejo e a dor.
A gota simboliza a vida e a lágrima, a morte de um amor, que como tantos, nasceu, cresceu... findou.
É, o tempo muda as pessoas, os sentimentos. Ele muda tudo. E não há como pará-lo. Não há como pará-lo...

Numa tarde nublada e escura, a chuva cai fria sobre a cidade deserta.
Um homem parado no meio da rua. Braços estendidos, como se fosse abraçar alguém.
Suas lágrimas misturam-se às gotas de chuva.
E ele sorri.
Sorri ao ver aqueles olhos brilhantes se aproximando.
Ele sente o baque.
Vê borrões se movimentando no céu e sorri...
... por tudo o que se foi e pelo que ainda virá.
Pelo que jamais será o mesmo
Pelo que nunca mudará...
O seu amor. O seu amor.
O seu amor.

Numa tarde nublada e escura, um corpo caído no chão.
Enquanto a chuva cai fria na cidade, seu sangue mistura-se às gotas de chuva, e
ele sorri...
Para sempre.

Wednesday, December 15, 2004

A Morte Do Natal

Oba! Oba!
Está chegando a hora de dar presentes para os que gostamos e para os que precisamos comprar carinho. Vamos mostrar que o espírito natalino está vivo em nós e que pode ser dividido em até doze prestações sem entrada pelo preço à vista. Vamos mostrar que ele cresce, se torna mais forte, une mais pessoas e gera mais suicídios e depressão a cada ano que passa!
Já viram como as cidades ficam mais iluminadas, alegres e cheias de mendigos famintos? Já viram como as pessoas ficam cada vez mais excitadas, sorridentes e exuberantes após receberem o décimo terceiro que não dá pra comprar os ingredientes da ceia? É tão lindo olhar para as crianças tão comportadas e tão bem amadas andando pelas avenidas com suas mães separadas e seus pais divorciados. Os adolescentes tão felizes, pichando os muros da igreja, transitando drogados pelas lojas de departamentos e enchendo os bolsos de chocolates nos corredores dos supermercados. É muito, muito bom ver o Papai Noel acenando e jogando balas de dentro do trenzinho que passa lotado de pais caretas tranquilos e seus filhos fazendo careta aos pedestres e pedófilos equestres, também vestidos de noel, esperando os lindos e tenros meninos que sentarão em seus colos... É chegada a hora de dar e receber com juros o amor que sentimos pelo próximo! Abra seu coração e deixe a brisa natalina entrar e remunerar o seu corpo cansado das labutas terrenas, ávido por novas esperanças de dias melhores e mais rentáveis. Vamos celebrar o nascimento daquele que foi espancado, torturado, sangrado, despedaçado e humilhado no filme do Mel Gibson, que rendeu milhares e milhares de dólares e lágrimas e protestos e... sangue. Vamos comer juntos e rezar juntos e comercializar juntos e comemorar juntos a morte do Natal.


Saturday, December 11, 2004

A Minha Dor

Estou sozinha, como a moça na figura.
Brave Heart morreu... Não foi morte física, não, não.
E não são precisos pêsames, preciso é de um antídoto e uma faca pra arrancar essa dor, essa parte apodrecida, envenenada pela incompreensão.
Preciso de uma borracha e de um lápis vermelho. Preciso de uma folha de papel em branco e escrever uma nova história. Preciso secar essa lágrimas amargas de dor e de pena. Preciso viver e deixar morrer quem não soube me entender.

Friday, December 10, 2004

Eu Amo o Amor

Eu amo o amor contido.
Aquele que vela,
Aquele que espreita
E se faz de desentendido.


Eu amo o amor sofrido.
Que fere e sangra,
Que sozinho e escondido
E calado, te chama.


Eu amo o amor amigo.
Que conforta,
Que suporta,
Que oferece abrigo.


Eu amo o amor esquecido
atrás da porta,
O amor querido,
Mas que não importa.


Eu amo o amor perdido.
O que não chegou
Por já ter partido,
Que não vingou
Por já ter morrido.


Eu amo o amor em si,
Pois é tudo o que me sobra
Da tua esmola em vão
E de tudo que não
Encontrei em ti.
06/05/03 às 13:45


Wednesday, December 08, 2004

A Dor Dos Outros

Uma dor alheia,
sombria,
digna de ser sofrida
pode ser negada?

Uma dor estranha,
alienígena,
distante e insegura,
deve ser evitada?

Eu as quero.
As estranhas e alheias dores,
abundantes, replicantes,
morbidamente fascinantes,
sublimes em suas frias cores.
Eu as venero.

Eu não quero discriminação.
Se você é só,
quero sua solidão.
Se você é pó,
deixe-me empoeirar.
Quero simpatizar,
Compartilhar,
Sem dó.

Estamos no mesmo
mundo.
Sua dor é minha dor
num segundo.
Nas rápidas ondas
da mídia,
seu apelo suicida
é parte do todo,
toca minha vida
e eu me importo.
Eu sofro.

Sua lápide
decora minha
noite morta.
Minha nota,
sua nota,
uma mesma canção,
desafinada.
Um réquiem,
uma lágrima.
Uma emoção
desajeitada,
imprópria e
censurada
pela escória.

07/12/04

Friday, December 03, 2004

Judas

"As anyone who has been close to someone that has committed suicide knows, there is no other pain like that felt after the incident" - Peter Greene
(Como todos que foram próximos de alguém que cometeu suicídio sabem, não há dor igual à sentida após o incidente)


Initiu.
A dor tem várias formas. Aterroriza, marca, deforma. Provoca atos inexplicáveis em cenários ingratos. Molda realidades e ilusões que se diluem em soluções perfeitas. Uma dor imortal, uma amarga rendição. Quando a idéia do último suspiro estabelece raízes na mente, impossível não seguir adiante. Afinal... é apenas um passo. Olha-se para o abismo. O abismo olha de volta. O abismo espera. Chama. Reclama a sua quimera, já perdida e encharcada de substâncias e feridas. Bêbada de vinganças e lembranças ressentidas. Intoxicada de infinitas imagens que impregnam a mente e geram a idéia inicial. Que geram a ação... e a inércia. Os valores e as esperas. As quimeras e as dores. A encenação e a tragédia... O lamento final...


Conclusione.
E foi assim.... Como Judas. Ele pegou a corda e se enforcou.
Foi sim... Foi como Judas. Ele não deu sinal, não deixou recado. Morreu... à toa. Morreu enforcado. Sem nem um recado... Judas... Pobre coitado.
E agora? E o riso? A namorada? Os amigos... perdidos... Sem explicação? Como...? Por que não? E agora, Judas? Três dias de luto. Três e quem sabe, talvez... Depois de um mês. É... Talvez... Um mês. Não, um não é suficiente pra esquecer. Pra esquecer, Judas, o que você fez. Depois de um ano... Será que a dor ainda persiste? A esperança de redenção... existe? Ah não... Ah não... O que você fez, Judas, não tem reparação.


Effectu.
Estranho ter agora apenas uma foto. É o que sobrou para assombrar e legitimar a falta de proximidade. Os que juntos trilharam caminhos paralelos sentem-se excluídos, feridos, traídos. Culpados?
Será que existe culpa nesse caso? Muitos dirão que não há tal coisa. Muitos dirão que foi repentino, um momento de loucura por causa de fatos recentes. Ou terá sido destino?
Poucos dirão que a semente da destruição sempre esteve lá, inconspícua, firme, incubada. Houve apenas o momento propício, e em dois dias tornou-se forte o bastante para germinar e estender seu talo espinhoso e negro até o coração, envolvendo-o, estrangulando-o até que a dor se tornasse insuportável. Até que o distante se tornasse presente, a mente, ausente, e a morte, fácil, num amargo instante.
Os que ficam não entendem, apenas indagam:
É o fim? A dor termina assim?
Não.
A dor é imortal.


Wednesday, December 01, 2004

Ego

"Eu,
Ser humano
Num eclipse interno.


Ser complexo
Numa dor sem nexo.


Vontade contida
Num desejo insano.


Eu,
Vida a despontar
Numa terra crua,
Esperança nua
De se emancipar.


Eu,
Somente
Num impossível presente.
Distante,
Num longínquo instante.


Eu,
Que te quero tanto
tanto, tanto, tanto
E que sempre te perdi
Para sempre, sempre.


Eu,
Uma angústia que dilacera
Um coração que espera.


Eu...
Eu te amo."


Thursday, November 25, 2004

Insetos e Idiotas

Na filosofia budista de Nitiren Daishonin existe uma frase: "Um inseto nas entranhas do leão é capaz de matá-lo". Significando que  muitas vezes o perigo de destruição não vem de fora, mas de dentro. Às vezes, não são os inimigos declarados os responsáveis pela derrota, mas as pessoas consideradas "aliadas", parentes, "amigas" e até mesmo o próprio orgulho, vaidade e prepotência que existem dentro de nós mesmos. Enfim, podemos nos tornar o nosso pior inimigo.


É o caso dos Estados Unidos.
Provavelmente uns 99% do mundo pensante já chegou à conclusão de que Bush foi o que poderia ter acontecido de pior para o povo americano. Depois da sua questionável eleição (primeiro mandato), a imagem do país começou um processo de deterioração lenta e terminal. As causas disso todos conhecem, não havendo necessidade de citar em profundidade tão desastrosos episódios, ainda em andamento, como a guerra do Iraque.
 
A prepotência americana cegou a população para o fato de que Bush está nas entranhas do leão americano e vai destruí-lo. Pena que as únicas pessoas que poderiam dar um fim nisto acabaram re-elegendo um ser orelhudo, de olhar idiota, que no final das contas, não passa de um inseto.


Thursday, November 18, 2004

Beije-me

Beije-me como se fosse eclipse,
Como se a escuridão pudesse
Apagar nossas diferenças,
Esconder nossas crenças;
Como se a sombra viesse
Ocultar as mentiras que eu disse.


Beije-me como se fosse fuga,
Como fugitivos, às pressas,
Correndo atrás do vento,
Deixando atrás o lamento,
As palavras, as conversas
Tentando encontrar a ajuda.


Beije-me como se fosse passado,
Como antigos, costumeiros
Amantes a se encontrar
Em paraísos perdidos no ar;
Como o amor verdadeiro
Dos velhos apaixonados, cansados.


Beije-me como se fosse fim,
Como desejos ofegantes,
Gastos, rotos na cor,
Na imensidão incontida da dor,
Que é vinda, incessante.
Beije-me assim,
Como se houvesse uma chance pra mim.

Thursday, November 11, 2004

Coisas Pra Fazer Antes de "Bater as Botas"

Não necessariamente nessa ordem:
1) Passar um mês com Brave Heart numa ilha deserta.
2) Viajar pra Nova Zelândia e pisar o chão em que Xena e Senhor dos Anéis foram filmados.
3) Participar de uma festa VIP decadente em Hollywood, onde passaria uma noite animal junto com Tom Cruise e Angelina Jolie (entre outros)
4) Fazer figuração em um filme de terror, morrendo de forma espetacular, esguichando sangue pra tudo quanto é lado
5) Conversar com meu pai e perguntar por que cargas d'água ele nunca veio me visitar depois de ter separado de mami. (isso aconteceu quando eu tinha 1 ano)
6) Ser finalmente vista por alguma nave naqueles momentos em que acho que tem um ovni no céu e eu abano os braços dizendo: "Ow!!! Tô aqui! Venham me buscar!" e então...ser abduzida!!
7) Descobrir o que significa o tão falado "WO"....que se diz quando o time não comparece e você ganha o jogo: Ganhamos/ perdemos de WO. (Se alguém souber o que significa essa abreviação, por favor....)
8) Conversar com Michael Jackson e perguntar: "Jacko... Why??????"
9) Escrever a poesia perfeita
10) Conhecer um lugar mais louco do que "Studio 54".

Sunday, November 07, 2004

Prisioneira Do Desejo

Pela janela do seu quarto, ela observa a cidade.
É noite. As luzes das casas piscando ao longe, lembram estrelas no céu. Algumas com o tempo se apagam, outras tremulam, mas também existem aquelas que permanecem acesas por toda a noite.
Ela imagina a quem pertence cada luz que brilha, e imagina o porquê de cada luz apagada. É um passatempo aparentemente inofensivo, e até um sonífero muito eficaz. Ao contar as luzes que se apagam, ela vai sentindo que suas pálpebras tornam-se cada vez mais pesadas, até que sem saber como, chega à cama e dorme um sono profundo, repousante.
É assim todas as noites, invariavelmente. Virou um vício, uma compulsão, um ritual a ser cumprido. Mas esta noite, até o momento, nenhuma luz se apagou. Ela espera, ansiosa e nervosamente. O tempo passa... O relógio, em cima da penteadeira, marca meia noite. Lá está ela. Olhos atentos, fixos, à espera. Uma espera interminável.
O que ela mais quer é que tudo siga o roteiro de sempre, que ela possa assim, dormir e descansar. Descansar em seu colchão d'água novo, o que ela sempre quis e desejara com tanta força. Tanta, que o acabara conseguindo. Aliás, como tudo em sua vida: o quadro legítimo de Van Gogh, a coleção completa dos Beatles, o autógrafo de Angelina Jolie. Tudo, tudo sempre correu conforme seus desejos. Até hoje...
O telefone toca. Talvez seja ele, ligando de Paris. Ah...que saudade do seu querido, do seu "pitchuco", mais um de seus desejos realizados: Alto, incrivelmente bonito, olhos verdes e ainda por cima, louco por ela.
O telefone continua a tocar, tentador, com a promessa de mil juras de amor. Mas ela não ousa sair da janela... E se alguma luz se apagar enquanto ela não estiver olhando? Como poderá dormir? Não, ela não pode se arriscar.
O telefone toca pelo que parece ser uma eternidade, até que silencia. Ela sente um grande alívio. Por um momento quase cedera e correra a atendê-lo.
A cidade permanece acesa. "Serão que estão todos com insônia?" Ela pensa em desistir e ir deitar, mas as luzes parecem exercer um efeito hipnótico, mágico, e, além do mais, se sair da janela, como poderá dormir?
As horas passam e as luzes não se apagam. Já é muito tarde.
Batem à porta. Gritam seu nome. Que será? Quem será? Parece a voz de seu vizinho, Leonel...
"Fogo! Fogo! Saiam todos! Saiam todos!"
Ela sente um cheiro de coisas queimando...
"Meu Deus, é um incêndio! Mas eu não posso sair, as luzes não se apagaram!"
Ela sente um mormaço crescente. A fumaça que entra pelas frestas começa a arder em seus olhos. Ela começa a tossir.
O barulho das sirenes chega aos seus ouvidos, juntamente com os gritos dos que tentam fugir em pânico. O calor aumenta, e bem próximo, o crepitar das chamas. Talvez próximo demais...
Ela está com medo. Quer sair correndo, escapar, mas ela não consegue se mover, seus pés parecem presos, colados ao chão. Seus músculos estão enrijecidos, não obedecendo ao comando de seu cérebro em pane. A única coisa que a pode salvar é o simples apagar de uma lâmpada, e Deus, como ela deseja isso! Mas elas permanecem acesas, impassíveis, cruéis.
As chamas chegam até a cortina. Não há escapatória. Então, de repente, como se fosse milagre, uma luz se apaga, libertando suas correntes imaginárias. Ela realiza o único movimento que a poderia salvar das chamas mortais:
Ela salta para o vazio. De uma altura de mais de vinte metros, para cair de encontro à rede de segurança dos bombeiros.
Enquanto isso, ao longe, na cidade, outras luzes se apagam, algumas tremulam, mas outras permanecerão acesas por toda a noite.


Fim

Saturday, November 06, 2004

Fragmentos, Lamentos e um Funeral

Coisas certas pessoas perfeitas poucas letras gestos parcos pequenos detalhes simples encantos loucos impossíveis atos esquecimento jamais minutos... horas... longas horas... conversas tudo nada tristes alegres... horas a cada dia mais nunca se esqueça das horas... Nossas horas, perdidas, esquecidas, passando lentamente... Horas de silêncio... E indiferença... Abandonadas. Não mais amadas. Não mais... Não...
Fúria versus dor: esforço vão. Realidade fria, dura...vazia, escura. Fria. Distante... Diferente. Quem é você? Em que ser hediondo tornou-se minha imagem? Não enxerga em mim o passado? Não vejo em nós o futuro. Vê... aqui morrem sonhos, testemunhos, mensagens... Vê... aqui jaz nossa fortuna, nossa glória... enterrada história lágrimas novos caminhos pessoas mortas minuto a minuto esgotamento promessa quebrada momento... perdidas notáveis horas apagadas e... por você esquecidas.

"Even if we never talk again after tonight, please remember that I am forever changed by who you are and what you meant to me" (mesmo que nunca conversemos novamente após esta noite, por favor lembre-se que eu estou para sempre mudado pelo que você é e o que você significou pra mim)

-Chasing Amy (Procura-se Amy [filme])


Thursday, November 04, 2004

O Fim

O fim. Brave Heart vive me dizendo que eu gosto dessa palavra., cerrrrto! Só que essa é a maior certeza que existe...o fim. Algo que nunca deixa de pairar sobre tudo e todos. O fim. Pareço repetitiva? Sim. Onde, quando... É só uma questão de estilo, tempo, talvez de motivo... mas sempre um espanto, ou não...? Será que os amantes não percebem que ele se aproxima? Será que amigos imaginam o dia em que o familiar vai se tornar estranho, distante, insolente até? Ah... é uma pena não? Já pararam pra pensar em todos os fins que aconteceram em suas vidas? Onde foi parar aquele sorriso cúmplice das bobeiras mais profundas? As marcas, os toques, e todos os momentos tão íntimos que poderiam até despertar emoções dúbias... Risadas que ecoavam e traziam uma sensação de que realmente não estávamos sozinhos, de que pessoas, por mais diferentes e impossíveis, poderiam se unir e formar algo indissolúvel... Poderiam, sim. É... se não fosse o... Um dia, em um passado distante, você quis aquela pessoa, muito! E hoje? Um dia você precisava muito daquilo... Ainda? Você percebeu a mudança? Ou nem se deu conta? Um dia falei pra uma amiga: "Tudo tem fim...não adianta falar que não...nada é pra sempre" Ela me respondeu: "Isso é muito triste..." Bom, adivinhem só? Hoje uma distância macabra está aumentando cada vez mais entre nós... Mas eu já esperava isso, não é?
Fim.

Friday, October 29, 2004

Razões Para Immortal X Ter Um Blog

Número 1. Para que as pessoas encontrem passagens alternativas e desconhecidas nesse labirinto complicado que é a minha psique, libido... e insanidade. Tenho amigos de trabalho, de balada, de "pingaiada", de nevasca, de longa data...(tem alguns que entram em mais de uma categoria), existem ainda aqueles que me vêem apenas como a "teacher" um tanto doida e sem noção...(tem horas que pego os pobres me olhando assustados como que pensando: nããããão! ela não disse isso!). Tsk tsk... Não posso esquecer da galera geração saúde, da época em que bolas de vôlei e redes faziam parte dos meus sonhos... Existe ainda a fase "facul" quando apesar de ser uma das pessoas mais tortas que eu conheço... fiz Direito. Os mais curiosos podem fazer uma pequena visitinha à UNIFEOB e ver minha singela foto lá, a ganhar poeira e olhares um tanto incrédulos... Além disso, ainda existem os parentes... aqueles que nem imaginam... bom, deixa pra lá. Falta mencionar os incontáveis amores platônicos que se tornaram fontes amargas de mil e uma palavras poéticas e rimas mórbidas... Estes que talvez nem imaginem, nem suspeitem que seus tantos verdes olhos já assombraram meus sonhos, tiraram o meu fôlego e perseguiram meus pensamentos. Conto numa mão as pessoas que me viram chorar, e garanto que existe gente que deve pensar que vivo numa TPM eterna...(bom, os vacinados, tipo Le Magicien (Evil ) Highlander, Vanessa (saudades!) primas, já pressentem pelo olhar, tipo serial killer, que talvez seja melhor voltar num outro dia...). A razão número um é mostrar minhas outras facetas (uma palavra esquisitinha hein?...) para a galera que participa da minha vida de uma forma ou de outra.
Número 2: Não tem!
E Já que estou falando dos vários amigos, parece ser uma hora bem propícia para divulgar meu testamento. Eu escrevi no ano passado, numa fase um tanto... "down", pouco antes de deixar Brave Heart entrar em minha vida e começarmos então uma viagem louca pelas "estações"... Só quero acrescentar algumas cláusulas: Para Le Magicien e Vanessa, deixo minhas fitas de Xena. Para minha prima Carola, deixo meus CDs. Para Brave Heart, deixo meu sangue, o toque gelado de minha boca, os sonhos que acalentamos, e ainda, Scullie, minha "doga". Para meu amigo Highlander, deixo um copo de whisky, e todas as lembranças do nosso veneno compartilhado, devidamente inoculado em tantas vítimas do nosso sarcasmo irreverente.


TESTAMENTO
Tudo girou pro lado errado...
O controle foi perdido,
O intelecto prejudicado.
O coração é mentiroso,
Não passa de fraude
Barata e covarde,
Um artista, um medroso.


Não se esqueçam:
Não haverá choro,
Não haverá vela.
Não quero nada,
Não quero coro,
Apenas amigos,
Também desafetos,
Colegas queridos,
Seres abjetos
E pessoas apagadas
Pela minha maldade
E vontade de ser superior
Será que não amei o suficiente?
Ou foi tudo excesso de amor?
Seja como for, já foi...
É passado, ultrapassado.
Foi tudo tão errado...
E certo ao mesmo tempo.
Equivocado, sensato
E sem sentido, exato.


Dói ouvir
Que tudo o que você quer
Não vem de mim...
Doeu seguir
Errôneas pistas,
Enganações implícitas,
Camufladas, maquinadas
E concessões ilícitas.
Você permitiu minha perdição,
Iludiu com suas falas
E impecável atuação.


Eu acreditei...
E num toque
Eu entreguei o improvável,
Desejei o inalcançável,
O que não estava lá,
Que nunca esteve,
Nem nunca estará...
Pra terminar, por favor,
Minhas cinzas, ao mar.

Tuesday, October 26, 2004

As Estações (parte final)

Inverno

Desolação. Isolamento. Noites longas de palavras curtas. Escuridão insistente e misteriosa, encobrindo lembranças ternas, imagens eternas. Silêncio aflito tentando velar o que insiste em ser revelado - o vazio. Não sobrou nada para suspirar, gemer... nada para compartilhar, nada a declarar. Não há calor, apenas toques abortados, sorrisos mecânicos. Alheia a tudo, perplexa, surge uma pergunta cuja resposta fere a lógica e sangra a emoção: "Onde foi parar o amor?" Dúvida... Esquecimento... um outono apagado. Promessas... quebradas. "Onde está o amor?" Não habita mais aquele olhar, não permeia mais aquela voz. Angústia... sensação de perda. Carência... privação. Distância, cada vez maior, indiferença... descrença. É tudo passado... sem volta aparente. E o presente parece eterno, cercado de portas que levam a lugar nenhum, corpos que não conseguem fazê-lO regressar. Bocas que não saciam a língua traidora e odiosa. Olhos cada vez mais frios, cada vez mais sádicos, deixando marcas profundas, sonhos assassinados numa duradoura melancolia... Agonia... "Onde está o amor?" Frio. Trevas. Morte... Sim, pode ser que acabe desta forma. É possível, é corriqueiro, mas não fatal. Existe uma continuidade nascida num ato de esperança no renascer contínuo que é a vida. Tudo está em constante mutação, e da mesma forma que o tudo vira nada, do nada se forma um mundo. Um mundo novo. Das profundezas da terra, brotam novamente os sonhos. O ciclo se repete. A alma mais uma vez floresce com a chegada do sol, que ilumina as memórias encobertas, derretendo as mágoas e reacendendo o prazer de viver: Eis o amor.

Winter is nature's way of saying, "Up yours."
Robert Byrne
* O Inverno é a maneira da natureza dizer, "Vai tomar no c*".

Saturday, October 23, 2004

As Estações (parte 3)

Outono


Em meio a mortos, feridos, sangue, lágrimas, egos reescritos e perdidos, eis que surge o Sentimento. O saldo de uma árdua batalha num deserto de incompreensão, obtido após tempestades de ilusões cortadas, mágoas e utópicas aspirações perdidas na areia. O Sentimento que rompeu os limites da decepção e conseguiu tornar-se inteiro e exato, sem preciso ser. E que se apresenta aos olhos numa proporção real e sem enganações, sincero. É possível dizer: "Eu vejo, em partes podres e sãs, o todo genuíno, real. Eu não mais sigo as ilusões da minha vontade. Eu vejo. Eu compreendo, condeno, e apesar de tudo... eu amo." É o outono. Sem excessos, sem esforços, sem brigas. Apenas o ameno frescor de uma batalha vencida. Não há cores brilhantes ou luzes que cegam, e sim os tons pastéis criados por folhas mortas, caídas, simbolizando o aborto dos equívocos acalentados. Surge agora uma realidade que não se imaginava existir. É o verdadeiro amor cheio de lindas sensações oníricas que se materializam em forma de frutos, fortes, suculentos. São devidas recompensas por tantas penosas e espinhosas lições. O que se aprendeu em meio ao fogo ficará para sempre marcado na memória, como uma pira a iluminar o caminho prestes a ser trilhado. O caminho das almas gêmeas que em breve, terão que enfrentar um último obstáculo - o inverno- e sobreviver a ele.


"Delicious autumn! My very soul is wedded to it,
and if I were a bird I would fly about the earth
seeking the successive autumns. "
- George Eliot

* para anarfas: Outono delicioso! Minha alma está unida a ele, e se eu fosse um pássaro, eu voaria pela terra em busca de sucessivos outonos"

Thursday, October 21, 2004

As Estações (parte 2)

Verão


... a realidade então cai, pesada, desajeitada. Em que momento o cego pôde ver novamente? Que mãos benditas (ou malditas?) retiraram dele o câncer plantado, semeado com tantos sonhos e fantasias? Ele vê. Pupilas dilatam-se. É o réquiem de um sonho. Que triste cena contemplar os destroços e finalmente constatar: os pedaços não mais formam o todo. Em meio às brigas, desencontros, desentendimentos surge a raiva. A brisa suave da primavera vira um vendaval de discussões infundadas. A luz que antes cegava, agora consome, maltrata, força a enxergar e a prantear a mágica perdida. Faz cobiçar o ideal. O que era perfeito. Utópico.... Distante... Mas impossível? Talvez. É difícil reunir forças, resumir sentimentos, comunicar, combinar e então regatar uma relação em chamas. O que se pode aprender em meio ao fogo? Que lições são ensinadas por queimaduras de amor? Dessa mistura de suor, lágrimas, fumaça e cinzas talvez renasça a esperança. Tal como fênix ressurgindo das cinzas, eis que então brota a compreensão mútua. A admissão das culpas e erros. O aprender a perdoar e esquecer. A perda do orgulho e vaidade que abre portas para um espaço novo, inexplorado. Uma folha em branco. Uma visão totalmente desprovida de máscaras e devaneios. Os olhos vêem o que ali está....nu e cru, desprovido de maquiagem: um ser humano frágil e imperfeito, um esboço de eternidade à procura de sua própria verdade. Uma imperfeição cativante, que instiga e não impede o fluxo das emoções. Uma imperfeição que desafia o raciocínio lógico, semeando infinitas e inexplicadas razões para que, mesmo em árido solo, brote o amor...


"Ah summer, what power you have to make us suffer and like it" Russel Baker *Para anarfas: "Ah verão, que poder você tem de fazer-nos sofrer e gostar disso"

Wednesday, October 20, 2004

As Estações (parte 1)

Primavera


Dizem que tudo começa na primavera.... Será verdade? O amor, a amizade, a vida... É um tempo de esperanças, expectativas, sementes que florescem e paixões que se inflamam. Corações que se abrem como pétalas de flores entre promessas feitas, ilusões, cores. Tudo brilha, tudo é tão claro... Claro demais. Todo o brilho ofusca uma escuridão inerente, ali à margem da sensação, na tangente da emoção, à espreita. Fica difícil discernir a realidade, desvencilhar a verdade do sonho, o sonho da desilusão que é certa, iminente... Não acreditem na primavera, ela mente, ela engana, acalenta falsidades, e em um dado momento, se torna tão febril que é impossível o simples e racional pensar. É o calor sutil que lentamente vai tomando conta, ganhando terreno, chegando ao extremo.... Os sentimentos magnificados são tão novos e imaculados... "Eu te amo" parece simples e não há como escapar... É uma rota de colisão. Aos olhos cegos, tudo parece a mesma coisa, tudo tem a mesma forma, invocando o mesmo nome. Todas as músicas têm o mesmo tema. A perfeição surge do nada, sem partida, sem chegada, simplesmente indefinida. A perfeição chega do nada. E num nada se transforma. Nessa trajetória incerta, às vezes longa, muitas vezes curta e amargamente dolorida, surge o conflito. Surge o verão.


Aproveitem a primavera dos seus sentimentos. Os momentos mais belos, apesar de efêmeros, acontecem aí. Momentos bobos e singelos afloram. As conversas mais "disgustingly cute" (algo como: "odiosamente fofas") que já tive aconteceram nessa estação. Ela não muda... jamais. A única mudança que ocorre, reside em algum plano entre a inocência e a consciência de que mesmo sendo o mais belo dos sonhos, ele terá um fim. Mesmo sendo o mais suave dos perfumes, logo se tornará forte ou fraco demais. Mesmo sendo o mais forte dos sentimentos primaveris, ele vai desidratar, murchar e, talvez, derreter sob o calor do verão.
Nascida no mês da primavera - Setembro- Eu entendo de primaveras! Sou rainha das quimeras, metáforas e indefinidas esperas... Eu espero o fim da minha primavera. Espero o calor e as brasas. De mim vão restar apenas cinzas... cinzas... ao mar.

Tuesday, October 19, 2004

Fantasma

Da afetada insegurança
Vaguei pelas imundas ruas.
A desbotada, pouca esperança
Perdi aos poucos, louca...
Uma maltratada criança
Fui e assim me escondi, nua.
Com medo, sem teto,
Sem um teco, nem um dedo
De consciência.
Retardada
Na recatada
Indecência
De um nada
Que não o é.
De um sim
Que é não
Pra não ser tão
Estranho e sem fé,
Anormal,
Marginal,
Terminal...


Da turva mente
Olhei pela vidraça,
Vi o amor que ameaça,
Vi também a dor
Em sua mórbida graça,
O dormente ardor
Indigente, que não disfarça
A farsa do ser humano,
De fingir que é sano.


Sinto o calor gelado
De um amor odiado,
Engulo o riso mascarado
Que chora e ri
E que rindo me revolta
Pois no peito massacrado
Ele me sufoca,
Despreza, corta...


Eu vi você fechar as portas,
Meus pulsos cortar.
Não importa... eu já era
Seus verdes nem viram,
nem sentiram a minha espera.


No meu túmulo selado
Nem as flores murchando
Perceberam o recado
Que enviei murmurando
Com os lábios fechados:


Eu não quis
Ser tão atriz
Eu quis
Apenas ser feliz.