Wednesday, May 25, 2005

Sem Nome

Quando as emoções invadem,
Ela não encontra razão,
Tudo parece intenso, intensa ilusão.
Ela e os outros...
Os outros, os estranhos,
As estranhas sensações
E as caras e abusadas,
Perigosas intenções.

Num êxtase ilusório,
De pulsação excessiva,
Num gesto contraditório,
Ela abre assim a ferida
Que aumenta lívida,
E da noite se alimenta,
Mas nada preenche
E nem acalenta...
A dor rasga, se alastra.
Que nem serpente
Numa selva de vermelhos,
Que nem rachadura
Num falso espelho.
A dor afaga, com a candura
De uma verdadeira paixão,
Perdida numa vida
Inteira de solidão.
ImmX

Saturday, May 21, 2005

Ouvindo 4 Non Blondes

Ouvindo 4 Non Blondes
O universo pára,
A música penetra
E não,
Nada é como antes,
A não ser a essência dessa inocência
E dessa criança a esperança
De tantos amores corroídos
Num ácido sem sentimento,
E de mil beijos diluídos
Em vãos passatempos.

E ela quer sumir desta cidade
Em fuga de cinema,
Deixar sua fragilidade
Em brechas do esquema.

Ouvindo 4 Non Blondes
Ela quer cantar o ego,
Abrindo o lacre das emoções,
Emergindo das imperfeições
Largando o medo...
E gritar aos quatro ventos
Que tudo vai acontecer,
Alimentando os rebentos
De um ideal que acabou
de nascer.

Ouvindo 4 Non Blondes
Procura a vã absolvição
Na música que equilibra
Santifica...
Transformando o sim e o não.
Nesses sons de viver
Ela busca a ternura, a tentação.
Ouvindo 4 Non Blondes
Eu ainda penso em você...
Por ImmX

Monday, May 16, 2005

Immortale

10 anos se passaram. 10 anos em que não visitava o bairro que morei por 7 anos. 7 anos que foram primordiais na minha vida. Sentimentos que afloraram aí tiveram profundo impacto na minha personalidade, caráter e libido... Tantas experiências... Primeiros beijos, amizades marcantes, sentimentos conflitantes, amores platônicos, dores adolescentes e poesias, poesias, poesias...
Ao regressar, depois de tanto tempo, memórias escondidas em cada canto, cada rua, tomaram forma e por instantes infinitos e inesperados dançaram a minha volta, arrebatando meu coração e atirando-me numa viagem temporal.
As noites boêmias, os natais de presentes surpreendentes, os fins de semanas fugidos, as férias gozadas ao máximo e o gosto inigualável de um beijo muito esperado...
O condomínio, as escadarias, apartamentos, festas, excursões... É muita coisa pra recordar. É muita coisa pra comparar. O presente está mudado, mas a essência não pode ser dissipada. O que foi não voltará jamais, mas também não poderá ser apagado. Noites de champanhe, programas de índio, vôlei na rua, descobertas, poetisas e a lua... Sentimentos, esperanças, medos, sonhos, adolescência, amigos, amigos, amigas... Fiz uma viagem no tempo e nela encontrei o que fui e o que sou. Nessa máquina do tempo entrei e dela saí mais gente, mais forte, mais confiante.
Beijos Naná, Jack, Renata, Joel... Nossas vidas mudaram, novas perspectivas apareceram, novos rumos foram tomados, e em meio a isso tudo, conseguimos manter nossa essência, nosso amor, nossos vínculos sinceros.

Friday, May 13, 2005

Ex- Amor Eterno

EX-AMOR ETERNO
Já viram lágrimas em meu rosto
Pequenas amostras de emoção
Viram meu interior exposto
E meu ego disposto a ser menos roto
Menos torto...
Morto.
Isso é pretérito, falecido, sepultado.
Só pra ser diferente
Escreverei o inverso, o esquecido e mutado
Agora chega o inverno
Meu frio
Meu vazio
O calafrio do ex-amor eterno.
ImmX

Tuesday, May 10, 2005

Crime de Viver

Crime de Viver

Quebramos regras
Invadindo nosso próprio espaço.
Ultrapassando o limite do sentimento
Matamos o tédio
E roubamos sorrisos.
Ao furtar olhares secretos
Fomos cúmplices,
Fomos espiãs.
Em nossas fugas alucinadas,
Quando boçais falsos nos perseguiam,
Encontramos refúgio da tempestade,
Entre raios e pedras,
Na nossa sincera amizade.
Não temo o veredicto final
Sei que inocentados serão
Os verdadeiros e os que não esquecem.
Nosso passado não foi vão
Pioneiros, os nossos passos permanecem,
São fósseis revelando uma vida,
Que embora há longo tempo vivida,
Jamais deixará apagar o sorriso,
Jamais deixará encobrir a certeza,
Muito menos a ternura do nosso ser.
Amigas uma vez, amigas para sempre,
Eternamente presas pelo crime de viver.

ImmX em 09/05/05

Friday, May 06, 2005

O Equilibrista

O equilibrista


Cansou.
Ao olhar pra baixo, num misto de vaidade e ódio, vê aquele séquito de invejosos.
Aquela multidão de hienas aguardando a carniça.
Fecha os olhos e sente leve tontura.
Alguns pensamentos obscuros percorrem sua mente.
Embora sinta-se tentado, ainda não quer se deixar levar pelo peso daquele sucesso. Não, não...
Um vento frio bate, chicoteia.
O leve balanço da corda vai tornando a mente preguiçosa...
Divagações lentas, memórias vindo à tona...
Lembranças de mágoas e lágrimas. Dores cansadas... Amores perdidos no vento...
É... Talvez seja a hora... Afinal, de que servirá a glória de um ato falho?
De que servirá o louro de uma vitória solitária?
É. Acabou-se aquela milagrosa sensação de bem estar.
É. Cansou de equilibrar-se.
Olha pra cima e vê aqueles sonhos tão bem desenhados em nuvens passageiras.
Relembra algo distante e sente um aperto na garganta.
Fecha os olhos. A tontura volta novamente, mas desta vez não a impede, deixa-se levar naquele vôo finito.
Por um instante há apenas o silêncio, rapidamente interrompido pelo baque e em seguida pelas gargalhadas animais...
O lento vermelho vai escorrendo e tingindo a superfície até então imaculada. Nos rostos, uma expressão de alívio e puro prazer. O show acabou. Agora tudo volta à mesmice. Não há mais o que invejar.
Eis que o equilibrista desistiu.
Eis que o sonho perdeu para o destino.
Forças maiores ainda existem para provar o óbvio...
A corda solitária que ainda existe não é mais a mera coadjuvante. É a estrela a espera de um novo prodígio cheio de si.
O espetáculo foi interrompido.
O equilíbrio foi perdido e assim perderam-se os elos...
O equilibrista caiu.
O sonho morreu.

ImmX em 05/05/05, 00:55 hs

Monday, May 02, 2005

Olhos Fechados

Olhos fechados

Com olhos fechados
Não vês a dor
Fica tudo mais claro
Tudo sem pudor
É fácil mentir
É fácil sentir

Com olhos fechados
Escutas melhor
Fica tudo mais vívido
Mais salgado meu suor
É fácil discernir
É fácil inferir

Com olhos fechados
Emudeces tua indiferença
Nada fica insensível
Nada vira descrença
É difícil esconder
O que tens guardado
É difícil não ver
Tua absolvição e o meu pecado
Tua sede e a minha fome
Com olhos fechados
Viramos brasa e cinza
No amor que nos consome

ImmX em 01/05/05 23:50