Thursday, November 25, 2004

Insetos e Idiotas

Na filosofia budista de Nitiren Daishonin existe uma frase: "Um inseto nas entranhas do leão é capaz de matá-lo". Significando que  muitas vezes o perigo de destruição não vem de fora, mas de dentro. Às vezes, não são os inimigos declarados os responsáveis pela derrota, mas as pessoas consideradas "aliadas", parentes, "amigas" e até mesmo o próprio orgulho, vaidade e prepotência que existem dentro de nós mesmos. Enfim, podemos nos tornar o nosso pior inimigo.


É o caso dos Estados Unidos.
Provavelmente uns 99% do mundo pensante já chegou à conclusão de que Bush foi o que poderia ter acontecido de pior para o povo americano. Depois da sua questionável eleição (primeiro mandato), a imagem do país começou um processo de deterioração lenta e terminal. As causas disso todos conhecem, não havendo necessidade de citar em profundidade tão desastrosos episódios, ainda em andamento, como a guerra do Iraque.
 
A prepotência americana cegou a população para o fato de que Bush está nas entranhas do leão americano e vai destruí-lo. Pena que as únicas pessoas que poderiam dar um fim nisto acabaram re-elegendo um ser orelhudo, de olhar idiota, que no final das contas, não passa de um inseto.


Thursday, November 18, 2004

Beije-me

Beije-me como se fosse eclipse,
Como se a escuridão pudesse
Apagar nossas diferenças,
Esconder nossas crenças;
Como se a sombra viesse
Ocultar as mentiras que eu disse.


Beije-me como se fosse fuga,
Como fugitivos, às pressas,
Correndo atrás do vento,
Deixando atrás o lamento,
As palavras, as conversas
Tentando encontrar a ajuda.


Beije-me como se fosse passado,
Como antigos, costumeiros
Amantes a se encontrar
Em paraísos perdidos no ar;
Como o amor verdadeiro
Dos velhos apaixonados, cansados.


Beije-me como se fosse fim,
Como desejos ofegantes,
Gastos, rotos na cor,
Na imensidão incontida da dor,
Que é vinda, incessante.
Beije-me assim,
Como se houvesse uma chance pra mim.

Thursday, November 11, 2004

Coisas Pra Fazer Antes de "Bater as Botas"

Não necessariamente nessa ordem:
1) Passar um mês com Brave Heart numa ilha deserta.
2) Viajar pra Nova Zelândia e pisar o chão em que Xena e Senhor dos Anéis foram filmados.
3) Participar de uma festa VIP decadente em Hollywood, onde passaria uma noite animal junto com Tom Cruise e Angelina Jolie (entre outros)
4) Fazer figuração em um filme de terror, morrendo de forma espetacular, esguichando sangue pra tudo quanto é lado
5) Conversar com meu pai e perguntar por que cargas d'água ele nunca veio me visitar depois de ter separado de mami. (isso aconteceu quando eu tinha 1 ano)
6) Ser finalmente vista por alguma nave naqueles momentos em que acho que tem um ovni no céu e eu abano os braços dizendo: "Ow!!! Tô aqui! Venham me buscar!" e então...ser abduzida!!
7) Descobrir o que significa o tão falado "WO"....que se diz quando o time não comparece e você ganha o jogo: Ganhamos/ perdemos de WO. (Se alguém souber o que significa essa abreviação, por favor....)
8) Conversar com Michael Jackson e perguntar: "Jacko... Why??????"
9) Escrever a poesia perfeita
10) Conhecer um lugar mais louco do que "Studio 54".

Sunday, November 07, 2004

Prisioneira Do Desejo

Pela janela do seu quarto, ela observa a cidade.
É noite. As luzes das casas piscando ao longe, lembram estrelas no céu. Algumas com o tempo se apagam, outras tremulam, mas também existem aquelas que permanecem acesas por toda a noite.
Ela imagina a quem pertence cada luz que brilha, e imagina o porquê de cada luz apagada. É um passatempo aparentemente inofensivo, e até um sonífero muito eficaz. Ao contar as luzes que se apagam, ela vai sentindo que suas pálpebras tornam-se cada vez mais pesadas, até que sem saber como, chega à cama e dorme um sono profundo, repousante.
É assim todas as noites, invariavelmente. Virou um vício, uma compulsão, um ritual a ser cumprido. Mas esta noite, até o momento, nenhuma luz se apagou. Ela espera, ansiosa e nervosamente. O tempo passa... O relógio, em cima da penteadeira, marca meia noite. Lá está ela. Olhos atentos, fixos, à espera. Uma espera interminável.
O que ela mais quer é que tudo siga o roteiro de sempre, que ela possa assim, dormir e descansar. Descansar em seu colchão d'água novo, o que ela sempre quis e desejara com tanta força. Tanta, que o acabara conseguindo. Aliás, como tudo em sua vida: o quadro legítimo de Van Gogh, a coleção completa dos Beatles, o autógrafo de Angelina Jolie. Tudo, tudo sempre correu conforme seus desejos. Até hoje...
O telefone toca. Talvez seja ele, ligando de Paris. Ah...que saudade do seu querido, do seu "pitchuco", mais um de seus desejos realizados: Alto, incrivelmente bonito, olhos verdes e ainda por cima, louco por ela.
O telefone continua a tocar, tentador, com a promessa de mil juras de amor. Mas ela não ousa sair da janela... E se alguma luz se apagar enquanto ela não estiver olhando? Como poderá dormir? Não, ela não pode se arriscar.
O telefone toca pelo que parece ser uma eternidade, até que silencia. Ela sente um grande alívio. Por um momento quase cedera e correra a atendê-lo.
A cidade permanece acesa. "Serão que estão todos com insônia?" Ela pensa em desistir e ir deitar, mas as luzes parecem exercer um efeito hipnótico, mágico, e, além do mais, se sair da janela, como poderá dormir?
As horas passam e as luzes não se apagam. Já é muito tarde.
Batem à porta. Gritam seu nome. Que será? Quem será? Parece a voz de seu vizinho, Leonel...
"Fogo! Fogo! Saiam todos! Saiam todos!"
Ela sente um cheiro de coisas queimando...
"Meu Deus, é um incêndio! Mas eu não posso sair, as luzes não se apagaram!"
Ela sente um mormaço crescente. A fumaça que entra pelas frestas começa a arder em seus olhos. Ela começa a tossir.
O barulho das sirenes chega aos seus ouvidos, juntamente com os gritos dos que tentam fugir em pânico. O calor aumenta, e bem próximo, o crepitar das chamas. Talvez próximo demais...
Ela está com medo. Quer sair correndo, escapar, mas ela não consegue se mover, seus pés parecem presos, colados ao chão. Seus músculos estão enrijecidos, não obedecendo ao comando de seu cérebro em pane. A única coisa que a pode salvar é o simples apagar de uma lâmpada, e Deus, como ela deseja isso! Mas elas permanecem acesas, impassíveis, cruéis.
As chamas chegam até a cortina. Não há escapatória. Então, de repente, como se fosse milagre, uma luz se apaga, libertando suas correntes imaginárias. Ela realiza o único movimento que a poderia salvar das chamas mortais:
Ela salta para o vazio. De uma altura de mais de vinte metros, para cair de encontro à rede de segurança dos bombeiros.
Enquanto isso, ao longe, na cidade, outras luzes se apagam, algumas tremulam, mas outras permanecerão acesas por toda a noite.


Fim

Saturday, November 06, 2004

Fragmentos, Lamentos e um Funeral

Coisas certas pessoas perfeitas poucas letras gestos parcos pequenos detalhes simples encantos loucos impossíveis atos esquecimento jamais minutos... horas... longas horas... conversas tudo nada tristes alegres... horas a cada dia mais nunca se esqueça das horas... Nossas horas, perdidas, esquecidas, passando lentamente... Horas de silêncio... E indiferença... Abandonadas. Não mais amadas. Não mais... Não...
Fúria versus dor: esforço vão. Realidade fria, dura...vazia, escura. Fria. Distante... Diferente. Quem é você? Em que ser hediondo tornou-se minha imagem? Não enxerga em mim o passado? Não vejo em nós o futuro. Vê... aqui morrem sonhos, testemunhos, mensagens... Vê... aqui jaz nossa fortuna, nossa glória... enterrada história lágrimas novos caminhos pessoas mortas minuto a minuto esgotamento promessa quebrada momento... perdidas notáveis horas apagadas e... por você esquecidas.

"Even if we never talk again after tonight, please remember that I am forever changed by who you are and what you meant to me" (mesmo que nunca conversemos novamente após esta noite, por favor lembre-se que eu estou para sempre mudado pelo que você é e o que você significou pra mim)

-Chasing Amy (Procura-se Amy [filme])


Thursday, November 04, 2004

O Fim

O fim. Brave Heart vive me dizendo que eu gosto dessa palavra., cerrrrto! Só que essa é a maior certeza que existe...o fim. Algo que nunca deixa de pairar sobre tudo e todos. O fim. Pareço repetitiva? Sim. Onde, quando... É só uma questão de estilo, tempo, talvez de motivo... mas sempre um espanto, ou não...? Será que os amantes não percebem que ele se aproxima? Será que amigos imaginam o dia em que o familiar vai se tornar estranho, distante, insolente até? Ah... é uma pena não? Já pararam pra pensar em todos os fins que aconteceram em suas vidas? Onde foi parar aquele sorriso cúmplice das bobeiras mais profundas? As marcas, os toques, e todos os momentos tão íntimos que poderiam até despertar emoções dúbias... Risadas que ecoavam e traziam uma sensação de que realmente não estávamos sozinhos, de que pessoas, por mais diferentes e impossíveis, poderiam se unir e formar algo indissolúvel... Poderiam, sim. É... se não fosse o... Um dia, em um passado distante, você quis aquela pessoa, muito! E hoje? Um dia você precisava muito daquilo... Ainda? Você percebeu a mudança? Ou nem se deu conta? Um dia falei pra uma amiga: "Tudo tem fim...não adianta falar que não...nada é pra sempre" Ela me respondeu: "Isso é muito triste..." Bom, adivinhem só? Hoje uma distância macabra está aumentando cada vez mais entre nós... Mas eu já esperava isso, não é?
Fim.