Monday, January 24, 2005

Juventude Decrépita

Quantos jovens velhos eu vejo.
Tão sem graça,
Tão obsoletos.
Sem raça,
Sem brilho.
Mortos vivos.
Tontos e tortos.
Tão sem rumo,
Tão abstratos.
Inexatos.
Sem destino.
Chatos e vazios,
Ignorantes gigantes
Vadios...

Quantos jovens fantasmas eu vejo.
Tão transparentes,
Sem massa,
Sem substância,
Tão ausentes.
Quantos passados apagados,
Presentes perdidos
E futuros roubados.
Quantos nadas
Preenchidos com drogas
E pais tão inúteis quanto seus dias.
Dias tão fúteis quanto a alegria
De seus "baques",
De seus "becks"
E dos seus "cracks"

Quantos jovens mortos eu vejo...


Escrevi isso em dia de esclerose juvenil, num desses dias de janeiro...

<

Friday, January 14, 2005

Cores e Dores (trilogia completa)

"Artists can color the sky red because they know it's blue. Those of us who aren't artists must color things the way they really are or people might think we're stupid." - Jules Feiffer

(Artistas podem colorir o céu de vermelho porque eles sabem que é azul. Nós, que não somos artistas, devemos colorir as coisas do jeito que elas realmente são, ou as pessoas podem pensar que somos estúpidos.)

Azul

Ela segura a ave que ele tão gentilmente colocara em suas mãos.
Ela sente suas penas macias e brancas, a respiração frágil, enquanto olhos assustados movem-se velozes.
Ela acaricia a ave tão pequena e sorri, sentindo um certo poder.
Ele a fita ansioso.
-Espero que a aceite e cuide bem dela. É um presente.
O ar está parado, quente. Um silêncio quebrado por pequenas pulsações irregulares.
Um coração acelerado.
Ela sente a pressão entre seus dedos. Olha para ele e além, mas não enxerga o que procura.
-Onde está?
A pressão aumenta. Ele fecha os olhos e uma lágrima nasce.
-Onde está??
Ele não consegue mais segurar e a lágrima se transforma em pranto.
Irritada, ela olha para o lado. A pressão quase insuportável em sua mão. Sente dor, mas não liga.
Ele continua a chorar. Soluça.
Os sons misturam-se na sala vermelha. Uma sinfonia de soluços e ossos partindo.
Ele cai de joelhos aos pés dela.
-Amor...
Gotas caem em sua testa suada, e escorrem, misturando-se às lágrimas.
Ele enxuga o rosto. Suas mãos agora vermelhas...
Ele percebe o erro.
Ela devolve a ave.
Segurando a massa sangrenta e sem vida, ele a vê abrir a porta.
- Aqui, amor, estava bem aqui...
Mas ela não ouviu.
12/01/05


Vermelho

Ela fechou a porta. Deu alguns passos.
Pareceu ter ouvido algo, mas não parou.
Olhou para suas mãos, vermelhas e doloridas, pensativa...
Um grito. Ela olhou para trás.
Algo aconteceu na sala vermelha.
Pensou em voltar... Virou o corpo, mas mudou de idéia...
Afinal, é passado... Tudo se tornara passado.
Não havia nada que ela pudesse fazer.
Foi em direção ao banheiro branco.
A pia e o espelho a esperavam.
Os pedaços de penas grudados no sangue seco a incomodaram.
Um cheiro de carne cru e sangue animal encheu o lugar.
A água era corrente e limpa. Mas não removeu a sujeira.
Ela esfregou com mais força usando o sabonete azul.
A espuma se formou, abundante, mas ainda assim não foi suficiente.
Ela sentiu-se absurdamente impura. Não apenas suas mãos, seus braços também.
Olhou no espelho.
Foi assustador o que viu.
Correu para o chuveiro.
A água caía abundante, mas quente demais..
Ela não conseguiu se limpar.
O banheiro então enfumaçado, parecia uma prisão.
Olhou para os pés. Pareciam garras.
Suas mãos... Contorcidas.
O espelho.
O grito.
E ela arrancou os próprios olhos.
13/01/05


<>Verde

Ele pensará no que aconteceu até tarde.
Não conseguirá dormir. Não, não...
-Ahhhhhhh!
Vergonha por ter gritado...
Vergonha por ter chorado...
Passará... Passará.
Momentos de silêncios vazios...
Momentos de pensamentos incertos...
Momentos interrompidos por ela.
Ela gritou! Sim, com certeza! Gritou...
Mas já era esperado...
E ele fará nada, pois o que está escrito está e o será.
Ouvirá novamente aquele grito, vez ou outra...
Em pesadelos, talvez.
Mas a imagem desbotará.
Os sons cessarão.
E ela irá aceitar... Um dia.
Ela vai olhar e vai enxergar...
Mas isso é futuro.
Daqui a pouco, no quarto verde ele irá dormir.
Não sem antes lembrar da ave morta no chão.
Triste, outra lágrima provavelmente cairá.
Até que um dia, sim, um dia...
Até que um dia ele se lembre de esquecer...
Ela, então, reabrirá a porta.
E mesmo no escuro poderá enxergar.
Pois o amor em suas mãos a guiará.

"Love is a bird, she needs to fly"
Frozen - Madonna

(O amor é uma ave, precisa voar)
14/01/05

Espero que vocês tenham gostado de ler essa trilogia, da mesma forma que me diverti escrevendo. Espero também, que todos tenham encontrado seu significado oculto e subjetivo.

Wednesday, January 12, 2005

Hades

HADES

Ali jaz
Seu ego exposto,
Fragilmente aberto,
Mortalmente incerto,
Um rei deposto.

Não satisfaz
A palavra... não mais
Não existe significado
De explicar, capaz,
Nem de responder...
Jamais.

Eu consegui ouvir
E foi lindo!
Mesmo que o fim
Exista,
Foi lindo!
Mesmo que o sim
Não resista,
Eu consegui ouvir
Eu repito:
Foi lindo
Ver você sentir...

Quando a respiração
Parou,
O pensamento voou...
Revelação.

No calor dos minutos
Eu queimei a sua
Espera...
Fútil e inútil,
Como eu pude ser?
Como eu pude ser
A horrível megera?

Ali jaz
Seu ego,
Sua dor...
Minha falta
Ingrata de amor
E de paz.

19/05/03


Thursday, January 06, 2005

Réquiem De Nós Dois

"Réquiem De Nós Dois"

Seu olhar no meu,
Perdido.
Dedos entrelaçados
Que não seguram...
Escorre entre eles
O que se perdeu,
Lentamente,
De nós.

Sua boca na minha,
Seca.
Línguas entrelaçadas
Que não beijam...
Escorre entre elas
O fel que restou,
Tristemente,
De nós.

Seus pés e os meus,
Distantes.
Destinos cortados
Que não se encontram...
Ficou entre eles
O orgulho que cresceu,
Imponente,
De nós.

Meu pesar e o seu,
Castigo.
Corações magoados
Que não se curam...
Ficou entre eles
O amor que morreu,
Indigente,
Em nós.
(Dia 06 de madrugada, lá pelas 3:30h)

Wednesday, January 05, 2005

Dos Top 10

TOP 10 - Coisas Deliciosamente Boas de 2004
1) Começar um emprego novo que eu adoro
2) Começar a namorar a mesma pessoa pela terceira vez (Brave Heart, luv ya!)
3) Estar mais próxima dos amigos
4) Fazer o Immortal Pain
5) Minha inspiração poética voltar
6) Parar de fazer certas coisas prejudiciais à saúde
7) Descobrir uma série nova que arrasa! The 4400
8) Estar mais organizada (pasmem!)
9) Assistir Resident Evil com Michelle Rodriguez e Mila Jovovicch comentando e falando m*rda!
10) Orkut

TOP 10 - Coisas Amargamente Ruins de 2004
1) Perder meu celular
2) Bush reeleito
3) Tsunami
4) Descobrir que um super amigo vai pra longe (Doug, vou sentir saudade)
5) Perceber que um amigo vai "bater as botas" logo
6) Descobrir que algumas amizades mais que virtuais não são eternas
7) "Friends" acabar...
8) Assistir "A Vila"
9) Meu Superman favorito de todos os tempos morrer: Christopher Reeve
10) Não tem!

TOP 10 - Coisas Pra Fazer Antes De Morrer (reprise)
1) Passar um mês com Brave Heart numa ilha deserta.
2) Viajar pra Nova Zelândia e pisar o chão em que Xena e Senhor dos Anéis foram filmados.
3) Participar de uma festa VIP decadente em Hollywood, onde passaria uma noite animal junto com Tom Cruise e Angelina Jolie (entre outros)
4) Fazer figuração em um filme de terror, morrendo de forma espetacular, esguichando sangue pra tudo quanto é lado
5) Conversar com meu pai e perguntar por que cargas d'água ele nunca veio me visitar depois de ter separado de mami. (isso aconteceu quando eu tinha 1 ano)
6) Ser finalmente vista por alguma nave naqueles momentos em que acho que tem um ovni no céu e eu abano os braços dizendo: "Ow!!! Tô aqui! Venham me buscar!" e então...ser abduzida!!
7) Cancelado! Já descobri o que é W.O: Significa Walk Out - Ganhamos/ perdemos de WO. O time desistiu (walked out) por vários motivos (ter chegado atrasado, não ter o número de jogadores mínimo... etc)
8) Conversar com Michael Jackson e perguntar: "Jacko... Why??????"
9) Escrever a poesia perfeita
10) Conhecer um lugar mais louco do que "Studio 54".

Monday, January 03, 2005

Silêncio

Silêncio

Ele sangrou quando viu seu rosto,
sua boca dura,
seu olhar frio...
O sorriso inexistente.
Quando a perdera?
Quando o futuro se tornou tão passado?
Ele gritou quando a viu sair porta afora.
Ela disse adeus.
Ele a seguiu com os olhos.
(lágrimas)
-Não vá!!
(silêncio)
-Amor, não...
(silêncio)
Um último olhar
...e a porta se fechou.
Os dias passam...
Noites vazias.
Copos cheios.
Os dias se arrastam...
Peso. Dor.
Silêncio.
Idéias.
Lágrimas.
Ausência.
Idéias...
Silêncio.
(um click)
Ausência.
Lágrimas. Dor.
(disparo)
Silêncio.

Saturday, January 01, 2005

Definição

DEFINIÇÃO
Não é platônico...
Essa não é a definição,
Não é essa a intenção.
É talvez anônimo,
Quem sabe mera paixão.
Quem sabe é mais
E mais sem razão.
Algo simples ou não,
Um tolo querer.
Um incauto prazer
Que não é casto,
Apenas gasto,
Cansado de se esconder,
Ou algo inexato
Que de tímido
Ganha recato
E contato mínimo.

Não é ideal
De imaginário,
Que vive só na idéia.
É muito real,
Sem cenário,
Sem panacéia.

Não é de tudo
O que se aspira
A síntese.
É algo ainda bruto
Que inspira
O clímace.

É como um passo
Louco,
No escuro,
No alheio,
Solto,
Sem esteio.

É a necessidade
De lábios
Num toque
É a lenta agonia
De um adágio.
É um choque.
Uma paralisia.
Uma triste,
Delicada
E complicada Alegria.

Mas palavras assim
Diminuem o sentir.
Não há o que definir,
Apenas ansiar, sim
Pela reciprocidade.
Ou se contentar
Com a amizade
Assim equivocada
E de ego ferido,
Ou ocultar
Essa vontade
Esse sentimento
Tão covarde
E não definido