Monday, January 24, 2005

Juventude Decrépita

Quantos jovens velhos eu vejo.
Tão sem graça,
Tão obsoletos.
Sem raça,
Sem brilho.
Mortos vivos.
Tontos e tortos.
Tão sem rumo,
Tão abstratos.
Inexatos.
Sem destino.
Chatos e vazios,
Ignorantes gigantes
Vadios...

Quantos jovens fantasmas eu vejo.
Tão transparentes,
Sem massa,
Sem substância,
Tão ausentes.
Quantos passados apagados,
Presentes perdidos
E futuros roubados.
Quantos nadas
Preenchidos com drogas
E pais tão inúteis quanto seus dias.
Dias tão fúteis quanto a alegria
De seus "baques",
De seus "becks"
E dos seus "cracks"

Quantos jovens mortos eu vejo...


Escrevi isso em dia de esclerose juvenil, num desses dias de janeiro...

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Friday, January 14, 2005

Cores e Dores (trilogia completa)

"Artists can color the sky red because they know it's blue. Those of us who aren't artists must color things the way they really are or people might think we're stupid." - Jules Feiffer

(Artistas podem colorir o céu de vermelho porque eles sabem que é azul. Nós, que não somos artistas, devemos colorir as coisas do jeito que elas realmente são, ou as pessoas podem pensar que somos estúpidos.)

Azul

Ela segura a ave que ele tão gentilmente colocara em suas mãos.
Ela sente suas penas macias e brancas, a respiração frágil, enquanto olhos assustados movem-se velozes.
Ela acaricia a ave tão pequena e sorri, sentindo um certo poder.
Ele a fita ansioso.
-Espero que a aceite e cuide bem dela. É um presente.
O ar está parado, quente. Um silêncio quebrado por pequenas pulsações irregulares.
Um coração acelerado.
Ela sente a pressão entre seus dedos. Olha para ele e além, mas não enxerga o que procura.
-Onde está?
A pressão aumenta. Ele fecha os olhos e uma lágrima nasce.
-Onde está??
Ele não consegue mais segurar e a lágrima se transforma em pranto.
Irritada, ela olha para o lado. A pressão quase insuportável em sua mão. Sente dor, mas não liga.
Ele continua a chorar. Soluça.
Os sons misturam-se na sala vermelha. Uma sinfonia de soluços e ossos partindo.
Ele cai de joelhos aos pés dela.
-Amor...
Gotas caem em sua testa suada, e escorrem, misturando-se às lágrimas.
Ele enxuga o rosto. Suas mãos agora vermelhas...
Ele percebe o erro.
Ela devolve a ave.
Segurando a massa sangrenta e sem vida, ele a vê abrir a porta.
- Aqui, amor, estava bem aqui...
Mas ela não ouviu.
12/01/05


Vermelho

Ela fechou a porta. Deu alguns passos.
Pareceu ter ouvido algo, mas não parou.
Olhou para suas mãos, vermelhas e doloridas, pensativa...
Um grito. Ela olhou para trás.
Algo aconteceu na sala vermelha.
Pensou em voltar... Virou o corpo, mas mudou de idéia...
Afinal, é passado... Tudo se tornara passado.
Não havia nada que ela pudesse fazer.
Foi em direção ao banheiro branco.
A pia e o espelho a esperavam.
Os pedaços de penas grudados no sangue seco a incomodaram.
Um cheiro de carne cru e sangue animal encheu o lugar.
A água era corrente e limpa. Mas não removeu a sujeira.
Ela esfregou com mais força usando o sabonete azul.
A espuma se formou, abundante, mas ainda assim não foi suficiente.
Ela sentiu-se absurdamente impura. Não apenas suas mãos, seus braços também.
Olhou no espelho.
Foi assustador o que viu.
Correu para o chuveiro.
A água caía abundante, mas quente demais..
Ela não conseguiu se limpar.
O banheiro então enfumaçado, parecia uma prisão.
Olhou para os pés. Pareciam garras.
Suas mãos... Contorcidas.
O espelho.
O grito.
E ela arrancou os próprios olhos.
13/01/05


<>Verde

Ele pensará no que aconteceu até tarde.
Não conseguirá dormir. Não, não...
-Ahhhhhhh!
Vergonha por ter gritado...
Vergonha por ter chorado...
Passará... Passará.
Momentos de silêncios vazios...
Momentos de pensamentos incertos...
Momentos interrompidos por ela.
Ela gritou! Sim, com certeza! Gritou...
Mas já era esperado...
E ele fará nada, pois o que está escrito está e o será.
Ouvirá novamente aquele grito, vez ou outra...
Em pesadelos, talvez.
Mas a imagem desbotará.
Os sons cessarão.
E ela irá aceitar... Um dia.
Ela vai olhar e vai enxergar...
Mas isso é futuro.
Daqui a pouco, no quarto verde ele irá dormir.
Não sem antes lembrar da ave morta no chão.
Triste, outra lágrima provavelmente cairá.
Até que um dia, sim, um dia...
Até que um dia ele se lembre de esquecer...
Ela, então, reabrirá a porta.
E mesmo no escuro poderá enxergar.
Pois o amor em suas mãos a guiará.

"Love is a bird, she needs to fly"
Frozen - Madonna

(O amor é uma ave, precisa voar)
14/01/05

Espero que vocês tenham gostado de ler essa trilogia, da mesma forma que me diverti escrevendo. Espero também, que todos tenham encontrado seu significado oculto e subjetivo.

Wednesday, January 12, 2005

Hades

HADES

Ali jaz
Seu ego exposto,
Fragilmente aberto,
Mortalmente incerto,
Um rei deposto.

Não satisfaz
A palavra... não mais
Não existe significado
De explicar, capaz,
Nem de responder...
Jamais.

Eu consegui ouvir
E foi lindo!
Mesmo que o fim
Exista,
Foi lindo!
Mesmo que o sim
Não resista,
Eu consegui ouvir
Eu repito:
Foi lindo
Ver você sentir...

Quando a respiração
Parou,
O pensamento voou...
Revelação.

No calor dos minutos
Eu queimei a sua
Espera...
Fútil e inútil,
Como eu pude ser?
Como eu pude ser
A horrível megera?

Ali jaz
Seu ego,
Sua dor...
Minha falta
Ingrata de amor
E de paz.

19/05/03


Thursday, January 06, 2005

Réquiem De Nós Dois

"Réquiem De Nós Dois"

Seu olhar no meu,
Perdido.
Dedos entrelaçados
Que não seguram...
Escorre entre eles
O que se perdeu,
Lentamente,
De nós.

Sua boca na minha,
Seca.
Línguas entrelaçadas
Que não beijam...
Escorre entre elas
O fel que restou,
Tristemente,
De nós.

Seus pés e os meus,
Distantes.
Destinos cortados
Que não se encontram...
Ficou entre eles
O orgulho que cresceu,
Imponente,
De nós.

Meu pesar e o seu,
Castigo.
Corações magoados
Que não se curam...
Ficou entre eles
O amor que morreu,
Indigente,
Em nós.
(Dia 06 de madrugada, lá pelas 3:30h)

Wednesday, January 05, 2005

Dos Top 10

TOP 10 - Coisas Deliciosamente Boas de 2004
1) Começar um emprego novo que eu adoro
2) Começar a namorar a mesma pessoa pela terceira vez (Brave Heart, luv ya!)
3) Estar mais próxima dos amigos
4) Fazer o Immortal Pain
5) Minha inspiração poética voltar
6) Parar de fazer certas coisas prejudiciais à saúde
7) Descobrir uma série nova que arrasa! The 4400
8) Estar mais organizada (pasmem!)
9) Assistir Resident Evil com Michelle Rodriguez e Mila Jovovicch comentando e falando m*rda!
10) Orkut

TOP 10 - Coisas Amargamente Ruins de 2004
1) Perder meu celular
2) Bush reeleito
3) Tsunami
4) Descobrir que um super amigo vai pra longe (Doug, vou sentir saudade)
5) Perceber que um amigo vai "bater as botas" logo
6) Descobrir que algumas amizades mais que virtuais não são eternas
7) "Friends" acabar...
8) Assistir "A Vila"
9) Meu Superman favorito de todos os tempos morrer: Christopher Reeve
10) Não tem!

TOP 10 - Coisas Pra Fazer Antes De Morrer (reprise)
1) Passar um mês com Brave Heart numa ilha deserta.
2) Viajar pra Nova Zelândia e pisar o chão em que Xena e Senhor dos Anéis foram filmados.
3) Participar de uma festa VIP decadente em Hollywood, onde passaria uma noite animal junto com Tom Cruise e Angelina Jolie (entre outros)
4) Fazer figuração em um filme de terror, morrendo de forma espetacular, esguichando sangue pra tudo quanto é lado
5) Conversar com meu pai e perguntar por que cargas d'água ele nunca veio me visitar depois de ter separado de mami. (isso aconteceu quando eu tinha 1 ano)
6) Ser finalmente vista por alguma nave naqueles momentos em que acho que tem um ovni no céu e eu abano os braços dizendo: "Ow!!! Tô aqui! Venham me buscar!" e então...ser abduzida!!
7) Cancelado! Já descobri o que é W.O: Significa Walk Out - Ganhamos/ perdemos de WO. O time desistiu (walked out) por vários motivos (ter chegado atrasado, não ter o número de jogadores mínimo... etc)
8) Conversar com Michael Jackson e perguntar: "Jacko... Why??????"
9) Escrever a poesia perfeita
10) Conhecer um lugar mais louco do que "Studio 54".

Monday, January 03, 2005

Silêncio

Silêncio

Ele sangrou quando viu seu rosto,
sua boca dura,
seu olhar frio...
O sorriso inexistente.
Quando a perdera?
Quando o futuro se tornou tão passado?
Ele gritou quando a viu sair porta afora.
Ela disse adeus.
Ele a seguiu com os olhos.
(lágrimas)
-Não vá!!
(silêncio)
-Amor, não...
(silêncio)
Um último olhar
...e a porta se fechou.
Os dias passam...
Noites vazias.
Copos cheios.
Os dias se arrastam...
Peso. Dor.
Silêncio.
Idéias.
Lágrimas.
Ausência.
Idéias...
Silêncio.
(um click)
Ausência.
Lágrimas. Dor.
(disparo)
Silêncio.

Saturday, January 01, 2005

Definição

DEFINIÇÃO
Não é platônico...
Essa não é a definição,
Não é essa a intenção.
É talvez anônimo,
Quem sabe mera paixão.
Quem sabe é mais
E mais sem razão.
Algo simples ou não,
Um tolo querer.
Um incauto prazer
Que não é casto,
Apenas gasto,
Cansado de se esconder,
Ou algo inexato
Que de tímido
Ganha recato
E contato mínimo.

Não é ideal
De imaginário,
Que vive só na idéia.
É muito real,
Sem cenário,
Sem panacéia.

Não é de tudo
O que se aspira
A síntese.
É algo ainda bruto
Que inspira
O clímace.

É como um passo
Louco,
No escuro,
No alheio,
Solto,
Sem esteio.

É a necessidade
De lábios
Num toque
É a lenta agonia
De um adágio.
É um choque.
Uma paralisia.
Uma triste,
Delicada
E complicada Alegria.

Mas palavras assim
Diminuem o sentir.
Não há o que definir,
Apenas ansiar, sim
Pela reciprocidade.
Ou se contentar
Com a amizade
Assim equivocada
E de ego ferido,
Ou ocultar
Essa vontade
Esse sentimento
Tão covarde
E não definido

Tuesday, December 28, 2004

Coca Cola

COCA COLA

Ricos têm coca,
têm escola.
Pobres têm cola,
têm esmola.
E todos bebem,
todos querem:
Coca Cola.

Coca
pra beber,
pra cheirar.
Cola,
pra cheirar,
pra colar.
Coca e cola,
pra morrer,
viajar.

Ursos polares,
uniformes da PM,
ônibus escolares,
raiva, TPM.
Fuga, prisão,
Sonho, ilusão.
Drogas, escoras,
castigos em vão.
Um slogan que cola.
Um vício de agora,
vício de sempre:
"Sempre Coca Cola!"

2005 vem aí. Uma página em branco. Você pode escrever o que quiser nela. Uma poesia, uma crônica, um conto, uma fábula... Uma história de terror e sangue.
Uma biografia. Um epitáfio... Um novo começo. Um fim inesperado. Algo passageiro, imortal, doloroso ou inventado. Algo seu, algo inédito, patético... Uma personagem pra encantar, pra enojar... Uma peça de teatro com máscaras, roupas ou então nudez. Um espetáculo sem falas ou atos. Um monólogo egocêntrico... Faça um blog! 2005... Faça valer o seu talento, Faça renascer um novo tempo, uma nova ordem, uma nova esperança... E se não conseguir, paciência... pelo menos você tentou... Relaxe, olhe pro infinito e abra uma Coca Cola...

Friday, December 24, 2004

Immortal

Pode o amor ser imortal,
assim como a energia
que uma vez criada,
apenas se transforma,
irradia?

Todos que amei,
ainda amo,
de alguma forma,
mesmo que assim amorfa,
assim distante,
assim ausente
da minha emoção?
Será... ou não?
Aquele que já "amei"tanto,
Por quem sorri,
por quem morri
um pouco, no entanto,
sofri... e portanto,
esqueci,
aquele que não mais emociona,
não mais.
Não forma ondas,
nem espirais,
nem suspiros.
Aquele que... jaz.

Por ele, eles, elas...
Será que ainda existe
"amor"?
Existe ainda um certo calor
ou encanto,
uma brasa que arda
em algum recanto
em mim escondido?

Se assim for,
que bom...
Que assim seja.
Que o amor em mim transformado
seja irradiado, liberto
e atinja e aqueça e energize
a alma de quem jamais amou
e a de quem nunca foi amado.

Saturday, December 18, 2004

Um Sorriso Na Tarde

Numa tarde nublada e escura, um homem observa a gota de chuva que desliza pela janela.
Ele a compara à lágrima solitária que escorre pela face marcada, não apenas pelo tempo, mas pelo amor e o ódio, o desejo e a dor.
A gota simboliza a vida e a lágrima, a morte de um amor, que como tantos, nasceu, cresceu... findou.
É, o tempo muda as pessoas, os sentimentos. Ele muda tudo. E não há como pará-lo. Não há como pará-lo...

Numa tarde nublada e escura, a chuva cai fria sobre a cidade deserta.
Um homem parado no meio da rua. Braços estendidos, como se fosse abraçar alguém.
Suas lágrimas misturam-se às gotas de chuva.
E ele sorri.
Sorri ao ver aqueles olhos brilhantes se aproximando.
Ele sente o baque.
Vê borrões se movimentando no céu e sorri...
... por tudo o que se foi e pelo que ainda virá.
Pelo que jamais será o mesmo
Pelo que nunca mudará...
O seu amor. O seu amor.
O seu amor.

Numa tarde nublada e escura, um corpo caído no chão.
Enquanto a chuva cai fria na cidade, seu sangue mistura-se às gotas de chuva, e
ele sorri...
Para sempre.

Wednesday, December 15, 2004

A Morte Do Natal

Oba! Oba!
Está chegando a hora de dar presentes para os que gostamos e para os que precisamos comprar carinho. Vamos mostrar que o espírito natalino está vivo em nós e que pode ser dividido em até doze prestações sem entrada pelo preço à vista. Vamos mostrar que ele cresce, se torna mais forte, une mais pessoas e gera mais suicídios e depressão a cada ano que passa!
Já viram como as cidades ficam mais iluminadas, alegres e cheias de mendigos famintos? Já viram como as pessoas ficam cada vez mais excitadas, sorridentes e exuberantes após receberem o décimo terceiro que não dá pra comprar os ingredientes da ceia? É tão lindo olhar para as crianças tão comportadas e tão bem amadas andando pelas avenidas com suas mães separadas e seus pais divorciados. Os adolescentes tão felizes, pichando os muros da igreja, transitando drogados pelas lojas de departamentos e enchendo os bolsos de chocolates nos corredores dos supermercados. É muito, muito bom ver o Papai Noel acenando e jogando balas de dentro do trenzinho que passa lotado de pais caretas tranquilos e seus filhos fazendo careta aos pedestres e pedófilos equestres, também vestidos de noel, esperando os lindos e tenros meninos que sentarão em seus colos... É chegada a hora de dar e receber com juros o amor que sentimos pelo próximo! Abra seu coração e deixe a brisa natalina entrar e remunerar o seu corpo cansado das labutas terrenas, ávido por novas esperanças de dias melhores e mais rentáveis. Vamos celebrar o nascimento daquele que foi espancado, torturado, sangrado, despedaçado e humilhado no filme do Mel Gibson, que rendeu milhares e milhares de dólares e lágrimas e protestos e... sangue. Vamos comer juntos e rezar juntos e comercializar juntos e comemorar juntos a morte do Natal.


Saturday, December 11, 2004

A Minha Dor

Estou sozinha, como a moça na figura.
Brave Heart morreu... Não foi morte física, não, não.
E não são precisos pêsames, preciso é de um antídoto e uma faca pra arrancar essa dor, essa parte apodrecida, envenenada pela incompreensão.
Preciso de uma borracha e de um lápis vermelho. Preciso de uma folha de papel em branco e escrever uma nova história. Preciso secar essa lágrimas amargas de dor e de pena. Preciso viver e deixar morrer quem não soube me entender.

Friday, December 10, 2004

Eu Amo o Amor

Eu amo o amor contido.
Aquele que vela,
Aquele que espreita
E se faz de desentendido.


Eu amo o amor sofrido.
Que fere e sangra,
Que sozinho e escondido
E calado, te chama.


Eu amo o amor amigo.
Que conforta,
Que suporta,
Que oferece abrigo.


Eu amo o amor esquecido
atrás da porta,
O amor querido,
Mas que não importa.


Eu amo o amor perdido.
O que não chegou
Por já ter partido,
Que não vingou
Por já ter morrido.


Eu amo o amor em si,
Pois é tudo o que me sobra
Da tua esmola em vão
E de tudo que não
Encontrei em ti.
06/05/03 às 13:45


Wednesday, December 08, 2004

A Dor Dos Outros

Uma dor alheia,
sombria,
digna de ser sofrida
pode ser negada?

Uma dor estranha,
alienígena,
distante e insegura,
deve ser evitada?

Eu as quero.
As estranhas e alheias dores,
abundantes, replicantes,
morbidamente fascinantes,
sublimes em suas frias cores.
Eu as venero.

Eu não quero discriminação.
Se você é só,
quero sua solidão.
Se você é pó,
deixe-me empoeirar.
Quero simpatizar,
Compartilhar,
Sem dó.

Estamos no mesmo
mundo.
Sua dor é minha dor
num segundo.
Nas rápidas ondas
da mídia,
seu apelo suicida
é parte do todo,
toca minha vida
e eu me importo.
Eu sofro.

Sua lápide
decora minha
noite morta.
Minha nota,
sua nota,
uma mesma canção,
desafinada.
Um réquiem,
uma lágrima.
Uma emoção
desajeitada,
imprópria e
censurada
pela escória.

07/12/04

Friday, December 03, 2004

Judas

"As anyone who has been close to someone that has committed suicide knows, there is no other pain like that felt after the incident" - Peter Greene
(Como todos que foram próximos de alguém que cometeu suicídio sabem, não há dor igual à sentida após o incidente)


Initiu.
A dor tem várias formas. Aterroriza, marca, deforma. Provoca atos inexplicáveis em cenários ingratos. Molda realidades e ilusões que se diluem em soluções perfeitas. Uma dor imortal, uma amarga rendição. Quando a idéia do último suspiro estabelece raízes na mente, impossível não seguir adiante. Afinal... é apenas um passo. Olha-se para o abismo. O abismo olha de volta. O abismo espera. Chama. Reclama a sua quimera, já perdida e encharcada de substâncias e feridas. Bêbada de vinganças e lembranças ressentidas. Intoxicada de infinitas imagens que impregnam a mente e geram a idéia inicial. Que geram a ação... e a inércia. Os valores e as esperas. As quimeras e as dores. A encenação e a tragédia... O lamento final...


Conclusione.
E foi assim.... Como Judas. Ele pegou a corda e se enforcou.
Foi sim... Foi como Judas. Ele não deu sinal, não deixou recado. Morreu... à toa. Morreu enforcado. Sem nem um recado... Judas... Pobre coitado.
E agora? E o riso? A namorada? Os amigos... perdidos... Sem explicação? Como...? Por que não? E agora, Judas? Três dias de luto. Três e quem sabe, talvez... Depois de um mês. É... Talvez... Um mês. Não, um não é suficiente pra esquecer. Pra esquecer, Judas, o que você fez. Depois de um ano... Será que a dor ainda persiste? A esperança de redenção... existe? Ah não... Ah não... O que você fez, Judas, não tem reparação.


Effectu.
Estranho ter agora apenas uma foto. É o que sobrou para assombrar e legitimar a falta de proximidade. Os que juntos trilharam caminhos paralelos sentem-se excluídos, feridos, traídos. Culpados?
Será que existe culpa nesse caso? Muitos dirão que não há tal coisa. Muitos dirão que foi repentino, um momento de loucura por causa de fatos recentes. Ou terá sido destino?
Poucos dirão que a semente da destruição sempre esteve lá, inconspícua, firme, incubada. Houve apenas o momento propício, e em dois dias tornou-se forte o bastante para germinar e estender seu talo espinhoso e negro até o coração, envolvendo-o, estrangulando-o até que a dor se tornasse insuportável. Até que o distante se tornasse presente, a mente, ausente, e a morte, fácil, num amargo instante.
Os que ficam não entendem, apenas indagam:
É o fim? A dor termina assim?
Não.
A dor é imortal.


Wednesday, December 01, 2004

Ego

"Eu,
Ser humano
Num eclipse interno.


Ser complexo
Numa dor sem nexo.


Vontade contida
Num desejo insano.


Eu,
Vida a despontar
Numa terra crua,
Esperança nua
De se emancipar.


Eu,
Somente
Num impossível presente.
Distante,
Num longínquo instante.


Eu,
Que te quero tanto
tanto, tanto, tanto
E que sempre te perdi
Para sempre, sempre.


Eu,
Uma angústia que dilacera
Um coração que espera.


Eu...
Eu te amo."


Thursday, November 25, 2004

Insetos e Idiotas

Na filosofia budista de Nitiren Daishonin existe uma frase: "Um inseto nas entranhas do leão é capaz de matá-lo". Significando que  muitas vezes o perigo de destruição não vem de fora, mas de dentro. Às vezes, não são os inimigos declarados os responsáveis pela derrota, mas as pessoas consideradas "aliadas", parentes, "amigas" e até mesmo o próprio orgulho, vaidade e prepotência que existem dentro de nós mesmos. Enfim, podemos nos tornar o nosso pior inimigo.


É o caso dos Estados Unidos.
Provavelmente uns 99% do mundo pensante já chegou à conclusão de que Bush foi o que poderia ter acontecido de pior para o povo americano. Depois da sua questionável eleição (primeiro mandato), a imagem do país começou um processo de deterioração lenta e terminal. As causas disso todos conhecem, não havendo necessidade de citar em profundidade tão desastrosos episódios, ainda em andamento, como a guerra do Iraque.
 
A prepotência americana cegou a população para o fato de que Bush está nas entranhas do leão americano e vai destruí-lo. Pena que as únicas pessoas que poderiam dar um fim nisto acabaram re-elegendo um ser orelhudo, de olhar idiota, que no final das contas, não passa de um inseto.


Thursday, November 18, 2004

Beije-me

Beije-me como se fosse eclipse,
Como se a escuridão pudesse
Apagar nossas diferenças,
Esconder nossas crenças;
Como se a sombra viesse
Ocultar as mentiras que eu disse.


Beije-me como se fosse fuga,
Como fugitivos, às pressas,
Correndo atrás do vento,
Deixando atrás o lamento,
As palavras, as conversas
Tentando encontrar a ajuda.


Beije-me como se fosse passado,
Como antigos, costumeiros
Amantes a se encontrar
Em paraísos perdidos no ar;
Como o amor verdadeiro
Dos velhos apaixonados, cansados.


Beije-me como se fosse fim,
Como desejos ofegantes,
Gastos, rotos na cor,
Na imensidão incontida da dor,
Que é vinda, incessante.
Beije-me assim,
Como se houvesse uma chance pra mim.

Thursday, November 11, 2004

Coisas Pra Fazer Antes de "Bater as Botas"

Não necessariamente nessa ordem:
1) Passar um mês com Brave Heart numa ilha deserta.
2) Viajar pra Nova Zelândia e pisar o chão em que Xena e Senhor dos Anéis foram filmados.
3) Participar de uma festa VIP decadente em Hollywood, onde passaria uma noite animal junto com Tom Cruise e Angelina Jolie (entre outros)
4) Fazer figuração em um filme de terror, morrendo de forma espetacular, esguichando sangue pra tudo quanto é lado
5) Conversar com meu pai e perguntar por que cargas d'água ele nunca veio me visitar depois de ter separado de mami. (isso aconteceu quando eu tinha 1 ano)
6) Ser finalmente vista por alguma nave naqueles momentos em que acho que tem um ovni no céu e eu abano os braços dizendo: "Ow!!! Tô aqui! Venham me buscar!" e então...ser abduzida!!
7) Descobrir o que significa o tão falado "WO"....que se diz quando o time não comparece e você ganha o jogo: Ganhamos/ perdemos de WO. (Se alguém souber o que significa essa abreviação, por favor....)
8) Conversar com Michael Jackson e perguntar: "Jacko... Why??????"
9) Escrever a poesia perfeita
10) Conhecer um lugar mais louco do que "Studio 54".