Wednesday, December 08, 2004

A Dor Dos Outros

Uma dor alheia,
sombria,
digna de ser sofrida
pode ser negada?

Uma dor estranha,
alienígena,
distante e insegura,
deve ser evitada?

Eu as quero.
As estranhas e alheias dores,
abundantes, replicantes,
morbidamente fascinantes,
sublimes em suas frias cores.
Eu as venero.

Eu não quero discriminação.
Se você é só,
quero sua solidão.
Se você é pó,
deixe-me empoeirar.
Quero simpatizar,
Compartilhar,
Sem dó.

Estamos no mesmo
mundo.
Sua dor é minha dor
num segundo.
Nas rápidas ondas
da mídia,
seu apelo suicida
é parte do todo,
toca minha vida
e eu me importo.
Eu sofro.

Sua lápide
decora minha
noite morta.
Minha nota,
sua nota,
uma mesma canção,
desafinada.
Um réquiem,
uma lágrima.
Uma emoção
desajeitada,
imprópria e
censurada
pela escória.

07/12/04