Thursday, April 07, 2005

Inesperado

INESPERADO

Eu consegui feito inédito:
Matei... Fria,
Calculadamente.
Assassinei. Era dia
E teu sol que ali jazia
Fracamente,
Inútil companhia,
Vazio, morno, decrépito
Não aqueceu meu coração
Que ali, congelado, não batia.
Nós que atavam, estrangulavam a voz
Do seu eu que quis ser nós,
foram algoz, juiz e sangria,
Fiéis executores da minha perdição.

Na solidão da minha sentença,
Reconheço... Tardia,
Tão amargamente,
O sentimento, a magia,
Teu sonho e alegria,
Tão covardemente
Sepultados, eu diria,
Pela minha descrença.
Assassinei o que ainda era flerte,
O que verão prometia,
Viverei agora assim, só, inerte
Numa vida de letargia,
Eterno inverno e pó celeste,
Sem tudo o que me deste
E que aceitar eu não podia,
Pois amar-te me diminuía...

Resta-me recordar,
Neste meu idílio desesperado,
O amor que crucifiquei,
Que me alegrei de ter matado.
Resta-me lamentar
Teu suicídio inesperado.
por ImmX em 21/05/03, 2:28 a.m.